quarta-feira, 17 de junho de 2009

a diferença entre o Sporting e o Barcelona

É ultrajante, admito, mas temo bem que sim, que exista uma diferença entre o Sporting e o Barcelona. Mínima, porém. Quase ridícula.
Com sua licença, leitor, aqui vai: a formação.
Ambos formam bons jogadores, atrevo-me a dizer que serão das melhores escolas de formação do futebol europeu. Mas com uma diferença - lá está, lá está! O Sporting forma atletas, apenas. O Barcelona forma atletas e homens.
Acontece-me frequentemente, e acredito que não é um problema meu, olhar para os jogadores que o Sporting produz e achar que lhes falta qualquer coisa.
No Barcelona, por outro lado, não lhes falta nada. São produtos acabados. A final da Liga dos Campeões, que a história guardará como uma vitória por 2-0, mas que o bom senso eternizará como uma goleada, mostrou-o cabalmente.
Olha-se para Xavi, Iniesta, Puyol, Messi, olha-se até para o miúdo Busquets, e fica-se siderado com a maturidade que apresentam. Cada gesto, cada olhar, cada palavra, cada expressão é uma demonstração de carácter, serenidade e prudência.
É verdade que Xavi e Puyol, por exemplo, já não são propriamente uns meninos. Têm até uma certa idade, diz que sim. Mas pouco importa, sempre foram assim. Sempre me lembro de Xavi com aquele ar sereno e aquela estabilidade de um veterano.
Os exemplos não acabam em Camp Nou, de resto. Londres, por exemplo. Fabregas tem 22 anos, é capitão do Arsenal e transmite personalidade em cada gesto.
É impossível, pelo menos para mim, não associar os sucessos do Barcelona à capacidade de gerar grandes talentos, sim, mas grandes homens acima de tudo.
Ao contrário do Sporting, está bom de ver. Que forma grandes jogadores também, mas apenas isso. Que passam anos a olhar para o umbigo, sempre protegidos pela idade. Que demoram, enfim, uma eternidade a crescer.
Diz o leitor, e com razão: é humano. Sem dúvida. Não precisa de gritar... É humano ser imaturo aos 20 anos. Mas o Barcelona mostra a cada época que também é humano formar jogadores com temperamento. Carácter e serenidade.
É esse desafio que o Sporting tem de assumir: criar uma cultura de responsabilização. Porque essa é uma pequena diferença que faz toda a diferença - lá está, lá está!
Sob pena do sucesso da formação continuar a não significar sucesso desportivo. E do clube continuar a morrer um bocadinho mais a cada dia que passa.
by Sérgio Pereira in Maisfutebol