sábado, 25 de outubro de 2008

A banca nacionalizou o Governo

A troco de apenas algum dinheiro, os bancos emprestam-nos o nosso próprio dinheiro para que possamos fazer com ele o que quisermos.
A nobreza desta atitude dos bancos deve ser sublinhadaQuando, no passado domingo, o Ministério das Finanças anunciou que o Governo vai prestar uma garantia de 20 mil milhões de euros aos bancos até ao fim do ano, respirei de alívio.
Em tempos de gravíssima crise mundial, devemos ajudar quem mais precisa. E se há alguém que precisa de ajuda são os banqueiros.
De acordo com notícias de Agosto deste ano, Portugal foi o país da Zona Euro em que as margens de lucro dos bancos mais aumentaram desde o início da crise Segundo notícias de Agosto de 2007, os lucros dos quatro maiores bancos privados atingiram 1,137 mil milhões de euros, só no primeiro semestre desse ano, o que representava um aumento de 23% relativamente aos lucros dos mesmos bancos em igual período do ano anterior.
Como é que esta gente estava a conseguir fazer face à crise sem a ajuda do Estado é, para mim, um mistério.
A partir de agora, porém, o Governo disponibiliza aos bancos dinheiro dos nossos impostos. Significa isto que eu, como contribuinte, sou fiador do banco que é meu credor. Financio o banco que me financia a mim. Não sei se o leitor está a conseguir captar toda a profundidade deste raciocínio. Eu consegui, mas tive de pensar muito e fiquei com dor de cabeça.
Ou muito me engano ou o que se passa é o seguinte: os contribuintes emprestam o seu dinheiro aos bancos sem cobrar nada, e depois os bancos emprestam o mesmo dinheiro aos contribuintes, mas cobrando simpáticas taxas de juro.
A troco de apenas algum dinheiro, os bancos emprestam-nos o nosso próprio dinheiro para que possamos fazer com ele o que quisermos.
A nobreza desta atitude dos bancos deve ser sublinhada.
Tendo em conta que, depois de anos de lucros colossais, a banca precisa de ajuda, há quem receie que os bancos voltem a não saber gerir este dinheiro garantido pelo Estado.
Mas eu sei que as instituições bancárias aprenderam a sua lição e vão aplicar ajuizadamente a ajuda do Governo.
Tenho a certeza de que os bancos vão usar pelo menos parte desse dinheiro para devolver aos clientes aqueles arredondamentos que foram fazendo indevidamente no crédito à habitação, por exemplo, e que ascendem a vários milhares de euros no final de cada empréstimo.
Essa será, sem dúvida nenhuma, uma prioridade. Vivemos tempos difíceis, e julgo que todos, sem excepção, temos de dar as mãos.
Por mim, dou as mãos aos bancos. Assim que eles tirarem as mãos do meu bolso, dou mesmo.
Visão, 16-10-08

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Uma diferença descomunal

É a primeira vez que venho a África do Sul, mas propriamente à cape town… E estou maravilhado com a cidade, maravilhado não apenas com a beleza e organização da cidade (já estive em cidades melhores certamente) mas a minha sensação de bem estar deve-se ao facto da diferença que existe entre as cidades na África do Sul e o resto do vasto continente. É de facto um contraste muito grande, em termos de tudo, organização, educação, limpeza, atendimento ao público, bem… em tudo. O meu espanto com essa realidade é só e simplesmente por estarmos em África, porque eles conseguem ou conseguiram e nós não? Que é que nos faz sermos inferiores a esta organização??? Bem não só eu que tenho essas respostas, aliás não me cabe a mim responder…
Nós os angolanos temos a “mania” de ir buscar experiências ou mesmo imitar os Europeus, os Americanos etc.… com grandes exemplos de desenvolvimento em África, queremos sonhar com o perfeito sem termos passado pelo “assim assim”, é o nosso grande erro!!! Organizações como a Namibiana (desenvolvimento reconhecido no sector da H&T) e a Sul Africana são certamente um exemplo a seguir pelos países Africanos emergentes, o caso de Angola principalmente, e não nos basearmos em realidades opostas, como Miami, Paris, Londres e por aí em diante…
E diviamos começar logo na altura da viagem, o atendimento é de fazer inveja, a SAA passa a ser a minha companhia de eleição, normalmente fico farto das horas que passo nos voos, é desgastante, e ainda o é mais se tivermos a olhar para uma televisão que nos dá um filme que já vimos a séculos e com os nossos pés encolhidos de tão apertados que estamos (bem falo da classe económica, ainda não me dei o luxo de viajar em primeira classe num voo internacional). È a verdade é que até nisso o resto dos países fica muito a quem, mesmo alguns europeus, a TAP precisa de uma injecção inovadora para ter os serviços disponibilizados pela companhia sul africana, a TAAG, bem dessa nem falo… Eu tive o privilegio de usufruir de um serviço digital, em que pude escolher o que quisesse, vi dois filmes, controlados por mim como se tivesse em casa a manejar o meu DVD, a minha satisfação foi tão grande quando pude rever a 1ª season do prison break, bem como ouvir o ultimo álbum dos Cold Play, foi de facto uma viagem relaxante, desejei no mesmo momento trocar as 4 horas de SAA pelas 7 e tal da TAP ou TAAG quando vou para Lisboa…
NS

Um génio sensato no reino da insensatez

Aos 6 anos de idade, o pequeno Warren Buffet já sabia o que queria ser na vida: rico. Na época, os Estados Unidos saíam da sua mais profunda crise, que provocara o caos económico e social. Mais de sete décadas depois, o país (ainda a maior potência do mundo) vive um novo período de sombras, afundado em uma crise financeira gerada pela ganância e pelo descontrole e que agora se espalha como uma metástase pelo mundo desenvolvido.
Num período de semanas, alguns dos maiores bancos americanos e europeus viraram pó. Na segunda-feira negra, dia 29 de Setembro, quase 1 trilhão de dólares desapareceram da bolsa de valores de Nova York após a rejeição pela câmara dos representantes de um pacote de salvamento apresentado pelo governo Bush. O movimento de queda descomunal, alimentado pela incerteza e pelo medo de dias ainda piores, repetiu-se por todo mundo. Mas Buffett, hoje um senhor de 78 anos de idade permanece o que sempre quis ser: rico. São 50 bilhões de dólares de património, uma fortuna amealhada no mesmo financeiro que tem levado tantos à ruína.
Buffet conseguiu superar todas as crises pelas quais o mundo passou nas últimas décadas. Ele não surpreenderá certamente ninguém se sair mais forte e ainda mais rico desta também...
NS