quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Afroman - A energia de Angola

Comé na banda tem energia uei…??
Naaaaaaaadi.
Então não deixei a arranjar hoje whatever..
aquilo foi só arranjar de um coro nem demorou, bazou.
Bazou?
Ya aquilo você da uma directa, nem liga…
Possas esssa energia da raiva ya
Foi outra vez?
Está sempre vai e vêm, vai e vêm.
Possas, a energia aqui é só a base de puxadas
No gueto todos trabalham na rede renovada, tipo nada
Toda a hora a subir… no posto ou no tecto
Por cima do teu tecto, te faltam o respeito, no gueto
Lá não se lançam redes nem anzois, alí a pesca é com alicate e busca-polo, mister polo
Eu tenho uma gileira, mas passo a vida a pedir batatinha na vizinha
Ela que é bem canguinha, mãezinha
Me dá só agua fresca… não tenho
Deixa então só engomar… a energia está fraca
Pelo menos só uns frescos pra não apodrecer, faz favor
A arca está cheia já não tem espaço
isso é que é despacho, fiacho
Todos os santos dias eu compro petróleo, compro vela
É chato ver o teu filho na casa do vizinho a implorar… deixa só ver novela
Afinal de conta a tv é rádio dvd
comprei praquê?
Se nunca tenho luz, como vez
cartão da parabólica acabou só vi novela uma vez
Os cabos de energia cheio de ondas, toda a hora a queimar
Ninguém gosta de dormir na escuridão, muito menos no calor a transpirar
Um gajo passa toda a noite a se abanar
possas, vira dalí possas, vira daqui possas
Depois vem o mosquito, zuimmmm
uhm não consegues dormir
lá pras tantas… éhhh não vale a pena
sono quase no ritmo, já está a cantar o galo
Cheio de sono, mas tens que ir no salo… ou na escola, só a bola
Isso não é vida, possas
Essa energia dá raiva ya, possas
Ainda agora que veio, já foi
Posssas possas possas
Eu até não falo mais
Eu não sei se a energia é verde azul ou lilaz
Possas
Essa energia dá raiva ya, possas
Ainda agora que veio, já foi
Posssas possas possas
Me conta
A minha mãe é que fica tonta
As vezes, por més só nos dão luz uma semana, mas quando vem a factura só a conta
Comé não adoces
Não preciso adoçar
Todos sabem que aqui a energia é de se coçar
É mesmo de se coçar
Por dia a energia vai duas três quatro cinco vezes
Ou mais vezes
Há bairros que ficam sem luz, seis sete oito meses
Ou mais meses
Se na capital temos problemas de eneré
Imagino nas províncias, então como é que é
Quando vais a essas horas só vem a meia noite ou uma da manhã, se vir
Quando te dão de dia, te tiram a noite
O madié que me dá luz da puxada eu lhe pago, mas toda hora liga desliga liga desliga
Liga, esse mambo fatiga
Meu cão passa o dia no quintal
A noite lhe ponho no tecto, fica de vigia
É que no gueto a noite roubam fios de energia
As vezes quando vem, bem fraca
Nem a ventoinha arranca
E quando arranca granda maka
Te queima o televisor ou a arca
Acaaaaa
Depois não tem ninguém pra te pagar o prejuízo
Como é que um gajo assim não perde juízo?
A edel comunica que vai efectuar cortes nos seguintes bairros
Uhmm, …
Possas
Essa energia dá raiva ya, possas
Ainda agora que veio, já foi
Posssas possas possas
Eu até não falo mais
Eu não sei se a energia é verde azul ou lilaz
Essa energia dá raiva ya, possas
Ainda agora que veio, já foi
Posssas possas possas
Muitos não sentem a nossa dor
A escuridão
Atrai o ladrão
Os mais prejudicados são a menoria
Aqueles que vivem nos musseques, periferia
Onde muitos pra comer tem de vender gelado de mukua
Agua fresca, yogurte ou gelo
Quando a energia vai, imagina o pesadelo
Forçadamente hoje em Angola todo o mundo é electricista
E o resultado
Muitos morrem electrocutados
Quantos já se foram?
Velas, candeeiros, geradores quantos danos já causaram
Bummmmm
Que é que foi?
Deve ser o cabo ou a cabina que queimou
Assim pra virem arranjareeeeee
Nem hoje nem amanhã
Tamos paiados
Possas
Essa energia dá raiva ya
Ainda agora que veio, já foi
Posssas possas possas
Eu até não falo mais
Eu não sei se a energia é verde azul ou lilaz
Possas
Essa energia dá raiva ya, possas

N.S

O ensino em angola - convite a reflexão‏‏ III

Compreendo que o nosso sistema de ensino comporte muitas irregularidades e, no geral, concordo com o vosso ponto de vista. Contudo, convem realçar alguns pontos que me parecem importantes:
1- O reconhecimento dos diplomas pela Reitoria da UAN faz todo o sentido na medida em que se pretende verificar a veracidade dos diplomas apresentados pelos diversos candidatos à funçao publica; Alguns com graves suspeitas de irregularidade. O excesso de burocracia pode não ser o melhor caminho mas o facto é que é a única maneira de assegurar que se recrutam doctores de facto. Um dos passos consiste em obter uma carta proveniente da universidade estrangeira a atestar a formaçao, O que parece boa ideia.
So para terem uma ideia, em 2008 foram detectados dezenas de candidatos com diplomas/certificados falsos provenientes de algumas universidades privadas portuguesas, congo democraticas entre outras. Já imaginaram pseudo-medicos em hospitais a “tratarem” da nossa saude?
2- O nosso pais esta a passar por mudanças muito gandes. Acredito ser muito dificil (re)começar quando já conhecemos outra realidade nas europas e americas. Mas temos de saber dosear as nossas expectativas e as nossas exigencias. É que aliada à luta pela sobrevivencia e a extrema pobresa, a maioria das pessoas não sabe o que é ser responsavel, acreditam que a corrupçao e o desvio sao normais, (ate lhes chamam “biziness”) e o espirito do deixa andar é reinante. As pessoas que tiveram a sorte de ir buscar um bocado da luz la fora têm mesmo de ter paciencia porque a mudança de mentalidades vai levar tempo;
3- Vocês, no fundo do vosso pensar, acreditam mesmo que as Universidades privadas em Angola estao ai para formar? Não sei! Ca pra mim o interesse esta mais virados para o lucro e os alunos querem o canudo, com todas as vantagens que dai advëm. Logo, um professor que constitua um bloqueio para o lucro da “empresa” e para o canudo do aluno, não é bem visto! É até guerreado.
Porem, o Governo deve criar condiçoes para que pessoas com formaçao e competencia não desaparaçam do mapa. Acredito que a saida do Boio e de muitos outros confrontados com situaçoes semelhantes, constitue uma perda para as Universidades e para o Pais.
De resto, as propostas de soluçoes ja apontadas, a serem aplicadas, já seriam de grande importancia. Se bem que, acredito que, o problema é muito mais vasto do que parece. As dificuldades que se sentem no sistema de ensino fazem parte de um mal mais abrangente; desde a falta de agua, luz, comida ate a falta de oportunidades, emprego…enfim uma seria de problemas basicos que carecem de soluçoes….
Um bem haja a todos. Temos de acreditar que isto vai mudar. Mas tudo depende das nossas acçoes enquanto povo. Afinal é o futuro das geraçoes futuras que esta em jogo ( enquanto isso...podem sempre mandar os filhotes estudar no estrangeiro, ou na escola portuguesa, ou francesa ou inglesa...basta preparar o bolso).
Avelino Kiampuku

O ensino em angola - convite a reflexão‏ II

Caros Amigos, O ensino em Angola à muito que merece uma profunda e dinamica reflexão. Este tema vem mesmo a calhar e julgo que cada um de nós poderá dar a sua modesta opinião no sentido de se ultrapassar as dificuldades que enfrentamos a nível do nosso ensino. Todos os dias cada um de nós se depara com situações diferentes relacionado com a nossa actividade, com programas televisivos ou outra situação qualquer.
Em minha opinião deveria tudo começar de base, ou seja, criar-se estruturas de avaliação não corruptas que estabelecem critérios rigidos de avaliação dos colégios e escolas de públicas passando por uma clara e prudente avaliação dos docentes e alunos, exitinguindo todas as escolas que têm fins meramente lucrativos e não educativos, expulsando todos os professores que têm como objectivo o enrequecimento fácil e não educativo, criação de um sistema nacional de avaliação de alunos e escolas por docentes independentes à instituição a avaliar, criação de um sistema de avaliação de docentes por intermédio dos alunos, ou seja, o corpo docente ser avaliado pela classificação dos alunos e da instituição, criação de um sistema de subsídio de escolas públicas por meio de avaliação, ou seja, as escolas públicas serem melhores subvencionadas de acordo com a avaliação que lhes forem atribuidas de acordo com todos os critérios de avaliação considerados com rigor.
No âmbito do ensino superior, julgo que o Estado deverá criar mecanismo que fomentem a competitividade entre escolas públicas e privadas, ou seja, remunerar melhor os docentes universitários (Públicos) de acordo com o grau académico, experiencia em docência e artigos de investigação publicados anualmente; fomentar a investigação no ensino considerando que os docentes públicos deverão publicar as suas obras em revistas de especialidade internacionalmente aceites; criar um sistema único de ingresso ao ensino superior público e privado (Só vai para o ensino público quem for melhor); criar mecanismos de transmissão dos melhores quadros formados nas universidades públicas para ingresso imediato ao primeiro emprego; criar mais universidades públicas para permitir o acesso a todos que tenham capacidades para ingressar; criar bibliotecas com livros e obras de investigação permitindo o acesso de todos.
Penso que cada um de nós pode pôr o estado a prova e desafiá-lo a fazer com as melhores práticas só assim poderemos criar escolas de referência a nível mundial e deixaremos de importar cerebros como tem acontecido nos últimos anos.
MC
Francisco Figueira

O ensino em angola - convite a reflexão‏ I

Caros amigos,é um desabafo medonho, sabido por muitos e ignorado pelos orgãos competente. o David disse e muito bem, nos nao precisamos apenas de formação quantitavivas, mas sim qualitativas. Esse facto deve se pegar na raiz, começando na formação de base porque se nada for feito nesse sentido a situação tenderá para o pior e contunuaremos a ter universitarios cegos e sem capacidade que o seu nivel o exige. Nesse caso não estou a falar de genios, mas sim de alunos intermedios e com capacidade intelectual no limite da media.Como angolano que sou, sinto me totalmente triste, sentindo, sei a lá, nem se quer encontro um adjectivo para qualificar a minha indignação e dor. Mas essa ansia de tentar ajudar o nosso país obriga me a pedir vos para continuarmos a lutar e dar um pouco de nós para esse misero país.OBS: gostaria que seguissemos o exemplo do David em partilhar as nossas experiencias e ponto de vista sobre a nossa banda.
Atenciosamente.
Efigênio Zamba

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Homem Pássaro

E este hamm, o grande homem pássaro… Esta sim uma série que prendia muita gente as televisões. Esta série infantil tinha episódios curtos, aproximadamente 10 minutos cada um, com histórias bem elaboradas e uma animação ágil. Na altura passam dois desenhos animados seguidos, era o homem pássaro e o galaxy trio (que também gostava muito). Os dois desenhos animados foram criados pela Hanna-Barbera em 1967 e eram distribuídos em conjunto. O homem pássaro era um super herói que possuía asas nas costas que lhe davam a capacidade de voar, além disso, ele recebia energia do sol e conseguia gerar raios com as suas braceletes, e campos de força. A sua base secreta era a caverna dentro de um vulcão extinto, no meio de uma cadeia de montanhas rochosas, vivia o herói ao lado do inseparável pássaro vingador (uma águia que a ele era fiel).
Ele fazia trabalhos para o governo americano através do seu contacto secreto, falcão 7. quando este aparecia nos ecrãs do herói, o homem pássaro saia disparado da sua caverna e gritava “homemmmmmmm pássaro”! ehehehhe grandes tempos.
N.S

“The Adventures of Huckleberry Finn”

Ontem estive a ver por umas horitas o canal da disney com os meus sobrinhos, e lembrei-me dos meus tempos dos desenhos animados… Eu adorava os desenhos animados, adorava os que na altura passavam na nossa televisão, antes das parabólicas e muito antes das disneys e cartoons.. Nós só tínhamos, aquilo e era aquilo que gostávamos… Se não era o homem pássaro, era a pantera cor de rosa, ou bumbo, ou homem pássaro ou outro qualquer, mas não passava disso e o nosso horário era fixo… As 18 começava o homem pássaro e aquela hora não podíamos perder… ehhehhe tempos lixados… Eu gostava particularmente da série de desenhos animados huckleberry finn e dos seus amigos que brincavam aos piratas no Mississipi! Lembram-se?Personagens como o Indio Joe, Cid, Becky, entre outras, faziam parte do nosso imaginário infantil/juvenil, baseado no romance de Mark Twain, as Aventuras de Tom Sawyer estavam cheias de emoção, amizade e diversão, que cativavam toda a gente!

“The Adventures of Huckleberry Finn”


I. Plot Summary
Huck escaped from his father’s hands and ran away going to the Jackson’s Island by his canoe where he met Jim, a runaway slave who had escaped from Miss Watson, his owner. Huck and Jim travelled together on a raft down the Mississippi river in search of their freedom and after which, they became bestfriends.Huck and Jim were accidentally separated because of heavy fog after they had found a house with a dead man inside which ended up into stealing many things from the house, and when a steamboat crashed into their raft.Huck had gone in the territories of the Grangerfords and the Shepherdsons, two different families which was at war with each other. Later on, Huck and Jim reunited again.As they continued their journey together, they met the King and the Duke who made a deal with them to cheat Peter Wilks of England. The King and the Duke pretended to be Wilks’ long lost brothers and and tried to steal all of the money left behind in his will.Later on, Huck fled away from them but Jim was left in their hands and sold to a farmer by the name of Sally Phelps, Tom Sawyer’s aunt.Tom rejoined the action and forced Huck to act out a parody of the contemporary popular romances in seeking to free Jim.At the end, it was revealed that Jim had been free all that time. Miss Watson( Jim’s owner) died with a provision in her will to free him.With Tom and Huck’s help, Jim was able to escape from Tom’s Aunt Sally Phelps’ adoption. Then, both Huck and Jim totally had their freedom that they had ever wanted.
II. Settings
Huckleberry Finn takes place along the Mississippi River. It includes St. Petersburg, Missouri and other well known cities down the river such as New Orleans, and St. Louis. The settings along the stretch of Mississippi river symbolizes Huck and Jim’s journey for their freedom.
N.S

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Você é bom em 'TOMAR DECISÕES'?

Um grupo de crianças brinca próximo a duas vias férreas. Uma das vias ainda está em uso e a outra está desativada. Apenas uma criança brinca na via desativada, enquanto que as outras, na via em operação. O trem está a vir e você está exatamente sobre aquele aparelho que pode mudar o trem de uma linha para outra. Você pode fazer o trem mudar seu curso para a pista desativada e salvar a vida da maioria das crianças. Entretanto, isto significa que a solitária criança que brinca na via desativada será sacrificada. Você deixaria o trem seguir seu caminho? O que você faria?
A maioria das pessoas escolherão desviar o trem e sacrificar só uma criança.Você pode ter pensado da mesma forma, eu acho. Exatamente, salvar a vida da maioria das crianças à custa de uma só criança é a decisão mais racional que a maioria das pessoas tomariam, moralmente e emotivamente. Mas, você pensou que a criança que escolheu brincar na via desativada foi a única que tomou a decisão correta de brincar num lugar seguro? Não obstante, ela tem que ser sacrificada por causa de seus amigos ignorantes que escolheram brincar onde estava o perigo. Este tipo de dilema acontece ao nosso redor todos os dias. No escritório, na comunidade, na política... E especialmente numa sociedade democrática, a minoria freqüentemente é sacrificada pelo interesse da maioria, não importa quão tola ou ignorante a maioria seja e nem a visão de futuro e o conhecimento da minoria. Além do mais, se a via tinha sido desativada, provavelmente não era segura. Se você desviou o trem para a outra via, colocou em risco a vida de todos os passageiros. E em sua tentativa de salvar algumas crianças sacrificando apenas uma, você pode acabar sacrificando centenas de pessoas. Se estamos com nossas vidas cheias de fortes decisões que precisam ser tomadas, nós não podemos esquecer que decisões apressadas nem sempre levam ao lugar certo. Lembre-se de que o que é correto nem sempre é popular... e o que é popular nem sempre é correto. E que todo o mundo comete erros; foi por isso que inventaram a borracha e o apagador. 'De tanto ver as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra; de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantarem-se os poderes na mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter avergonha de ser honesto'.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O ensino em angola - convite a reflexão‏

Uma experiência aterrorizadora….
Em 2005, após a conclusão da minha licenciatura em Sociologia – Organizações e Planeamento, na Universidade Católica Portuguesa em Lisboa, farto da vida em Portugal, vim para a minha terra natal aproveitar as oportunidades profissionais que Angola oferece aos seus filhos.
Como tendência natural e resultado do alto nível de centralização administrativa e política e de oferta de trabalho, fixei-me na terra da Kianda – Luanda.
Comecei a procurar trabalho, distribuindo curriculum para quase todas as empresas em que achei ser útil, desde empresas petrolíferas (BP, CHEVRON, etc.), organismos estatais, etc. Em Portugal, quando os nossos governantes fossem para lá, diziam-nos que o país precisa muito dos seus quadros que estão no estrangeiro, por isso pensei, tal como as outras pessoas, que posto cá arranjar um emprego não seria uma missão pandemónica. Ok, enganei-me!
Entretanto, lá consegui um trabalho, numa empresa de selecção e recrutamento de pessoal, a EMOSIST, uma empresa muito dinâmica. Na altura, o trabalho consistiu na selecção dos candidatos das bolsas de estudos no estrangeiro da SONANGOL. Ofereceram-me um salário razoável, cerca de 2000usd. Mas, tive que desistir de trabalhar nessa empresa, porque, por um lado os 2000usd não iriam cobrir as necessidades básicas da vida em Angola, i.é, renda de casa (imaginem ter de 1000usd de renda, não mensal, mas anual), e transporte pessoal (na altura residia em casa de um amigo no “projecto nova vida”, ir de candogueiro (às 4h30 da manha de nova vida até o Mira Mar é uma experiência desaconselhável), por outro lado, o quotidiano de Luanda pareceu-me monstruoso demais.
Decidi tentar a sorte na minha cidade natal, Benguela.
Em 2005, o único trabalho que podia encontrar era de professor, facto que em princípio muito agradou, sendo que sempre quis dar aulas. Julgo mesmo que as pessoas que tiveram a oportunidade de ter acesso ao conhecimento, têm o dever moral partilhá-lo com outras pessoas que não tiveram a mesma sorte.
Assim, comecei a distribuir o meu curriculum nas universidades que então existiam, a Lusíada, Piaget e a Universidade Pública.
A primeira entrevista foi-me concedida pela Universidade Pública. A pessoal com quem falei, disse-me que a universidade atravessava uma carência profunda de professores (na altura possivelmente só havia 2 pessoas formadas em Sociologia na província), por isso a minha vinda vinha mesmo a calhar. Mas, que primeiramente teria que levar o meu certificado à reitoria da Universidade Agostinho Neto em Luanda, para solicitar equivalência e respectivo reconhecimento dos meus estudos. Em princípio achei ser uma piada, mas depois percebi que o Sr. Dr, estava a falar a sério. Não percebi, por que carga de água é que uma instituição de ensino, que parece não ser reconhecida pela UNESCO teria de reconhecer os meus estudos? Não achei graça, e rapidamente desisti da ideia de aulas nessa Universidade.
Em seguida, procurei contactar o Piaget. No dia que lá fui, estava um calor de rachar, por isso, resisti ao fato e a gravata e fui vestido adequado ao clima de momento. Facto que se revelou num grande erro. Lá estava eu, 24 anos de idade, com uma calça de ganga e uma t-shirt, a perguntar dos requisitos necessários para apresentar a minha candidatura ao corpo docente da instituição. Fui naturalmente ignorado, pelas lindas funcionárias da recepção. Teimosamente, voltei para lá dois dias depois, e recusei-me a sair de lá sem que falasse com a Directora, lá fui recebido por ela. Uma senhora portuguesa, muito simpática, coincidentemente também formou-se na Universidade Católica, mas em VISEU. A conversa correu lindamente. Meses depois, estava eu a dar aulas nessa universidade.
O processo de entrada na Lusiada foi mais complicado, tive mesmo que recorrer aos meus amigos de Luanda, para dar a volta aos obstáculos do mosaico da cozinha.
Abril/Maio de 2005 iniciei a minha actividade docente.
Dar aulas revelou-se uma experiência aterrorizadora. Um mês depois de aulas, apliquei um mini teste nas duas universidades. Um autêntico desastre. A nota máxima, de 0 a 20, foi de 5 valores. O cenário era inacreditável, grande parte dos alunos, o que escreviam nem dava para se perceber, uma caligrafia horrível, uma ortografia extremamente errática, e é melhor nem falar na gramática. Fiquei absolutamente preocupado.
A conversar com eles acerca dos resultados, percebi que maioria deles nunca tinha lido um livro na vida (pessoas com idade compreendida entre 18 aos 60 anos de idade), e alguns nem se quer um jornal. Parte deles fizeram o ensino secundário no período nocturno, com a falha gritante de energia, está-se mesmo a ver. Enquanto, os mais adultos, grande maioria já trabalhava, estavam essencialmente de olhos no canudo, para garantir o status (que o “Sr. Dr.” oferece) e a reforma, os mais novos nem tinham noção da natureza dos cursos em que estavam.
A Direcção de uma das universidades, solicitaram uma reunião para a análise dos resultados. No essencial, a Direcção informou-me que eles precisam dos seus clientes e que acreditam que eu preciso do meu emprego, i.é, partilhamos interesses comuns. Com argumentos do tipo, o Sr. professor tem que se adaptar ao contexto, e que aqui não é Europa, etc. Eu disse-lhe apenas que não estava a trabalhar numa contextualidade, mas numa universidade e que não percebia como é que a Biblioteca da universidade tinha menos livros que os livros que comprei durante a minha licenciatura, e que a mesma nem tinha uma sala de internet. Percebi duas coisas: que eles estavam em Vennus e eu em Marte, e que eu constituía um obstáculo aos interesses da maioria dos alunos e dos meus patrões. Os alunos chegaram mesmo a rebentar com uma navalha, os quatro pneus do meu carro.
Com o tempo fui-me desiludindo, e assistindo os meus colegas que pautavam a actividade docente com seriedade e rigor abandonarem a actividade. Como não estava a fim de alinhar na mediocridade (exceptuando algumas pessoas realmente sérias e alunos muito aplicados), também abandonei o sonho de dar aulas.
Foi uma decisão muito dolorosa, por acreditar que a nossa terra já mais alcançará o desenvolvimento desejado (que por cá muitas vezes se confunde com crescimento económico), enquanto não apostar na formação, não apenas quantitativa, mas qualitativa do seu capital humano.

Para quem acredita em Deus, resta rezar muito, para quem não acredita, talvez acreditar no desígnio da natureza……


NOTA: É urgente pensarmos o nosso ensino
David Boio

A luz das festas

Pronto, acabaram as festas e lá vou eu para bombas de gasolina desenrascar combustível para o gerador… Bem que eu achei muita fruta, dias seguindo sempre com luz… Uhm estranho.
Nada de ilusões, voltamos ao normal, afinal aquela luz toda era mesmo só na altura das festas… agora voltamos ao barulho ensurdecedor dos geradores, a escuridão que a muito fomos habituados. Ahhahha, ainda há muitos com fé que isso mude… muda muda!!! Mudamos é o peixe do frigorífico para o prato antes que se estrague.
N.S

Obrigado, presidente Bush

Obrigado, grande líder George W. Bush.
Obrigado por mostrar a todos o perigo que Saddam Hussein representa.
Talvez muitos de nós tivéssemos esquecido de que ele utilizou armas químicas contra seu povo, contra os curdos, contra os iranianos. Hussein é um ditador sanguinário, uma das mais claras expressões do mal hoje.
Entretanto essa não é a única razão pela qual estou lhe agradecendo.
Nos dois primeiros meses de 2003, o sr. foi capaz de mostrar muitas coisas importantes ao mundo, e por isso merece minha gratidão. Assim, recordando um poema que aprendi na infância, quero lhe dizer obrigado. Obrigado por mostrar a todos que o povo turco e seu Parlamento não estão à venda, nem por 26 bilhões de dólares.
Obrigado por revelar ao mundo o gigantesco abismo que existe entre a decisão dos governantes e os desejos do povo. Por deixar claro que tanto José María Aznar como Tony Blair não dão a mínima importância e não têm nenhum respeito pelos votos que receberam. Aznar é capaz de ignorar que 90% dos espanhóis estão contra a guerra, e Blair não se importa com a maior manifestação pública na Inglaterra nestes 30 anos mais recentes.
Obrigado porque sua perseverança forçou Blair a ir ao Parlamento com um dossiê falsificado, escrito por um estudante há dez anos, e apresentar isso como "provas contundentes recolhidas pelo serviço secreto britânico". Obrigado por fazer com que Colin Powell se expusesse ao ridículo, mostrando ao Conselho de Segurança da ONU algumas fotos que, uma semana depois, foram publicamente contestadas por Hans Blix, o inspetor responsável pelo desarmamento do Iraque. Obrigado porque sua posição fez com que o ministro de Relações Exteriores da França, sr. Dominique de Villepin, em seu discurso contra a guerra, tivesse a honra de ser aplaudido no plenário, honra que, pelo que eu saiba, só tinha acontecido uma vez na história da ONU, por ocasião de um discurso de Nelson Mandela.
Obrigado porque, graças aos seus esforços pela guerra, pela primeira vez as nações árabes, geralmente divididas, foram unânimes em condenar uma invasão, durante encontro no Cairo. Obrigado porque, graças à sua retórica afirmando que "a ONU tem uma chance de mostrar sua relevância", mesmo países mais relutantes terminaram tomando posição contra um ataque. Obrigado por sua política exterior ter feito o ministro de Relações Exteriores da Inglaterra, Jack Straw, declarar em pleno século 21 que "uma guerra pode ter justificativas morais" e, ao declarar isso, perder toda a credibilidade. Obrigado por tentar dividir uma Europa que luta pela sua unificação; isso foi um alerta que não será ignorado. Obrigado por ter conseguido o que poucos conseguiram neste século: unir milhões de pessoas, em todos os continentes, lutando pela mesma idéia, embora essa idéia seja oposta à sua.
Obrigado por nos fazer de novo sentir que, mesmo que nossas palavras não sejam ouvidas, elas pelo menos são pronunciadas, e isso nos dará mais força no futuro. Obrigado por nos ignorar, por marginalizar todos aqueles que tomaram uma atitude contra sua decisão, pois é dos excluídos o futuro da Terra. Obrigado porque, sem o sr., não teríamos conhecido nossa capacidade de mobilização. Talvez ela não sirva para nada no presente, mas será útil mais adiante.
Agora que os tambores da guerra parecem soar de maneira irreversível, quero fazer minhas as palavras de um antigo rei europeu a um invasor: "Que sua manhã seja linda, que o sol brilhe nas armaduras de seus soldados, porque durante a tarde eu o derrotarei". Obrigado por permitir a todos nós, um exército de anônimos que passeiam pelas ruas tentando parar um processo já em marcha, tomarmos conhecimento do que é a sensação de impotência, aprendermos a lidar com ela e a transformá-la. Portanto, aproveite sua manhã e o que ela ainda pode trazer de glória. Obrigado porque não nos escutastes e não nos levaste a sério. Pois saiba que nós o escutamos e não esqueceremos suas palavras.
Obrigado, grande líder George W. Bush.
Muito obrigado.

Paulo Coelho"

domingo, 4 de janeiro de 2009

As passadeiras da morte

As obras na estrada Lobito-Benguela estão em fase terminal (mais uns retoques na nova ponte sobre rio catumbela e… Iupiii temos uma via rápida. Um trajecto que se fazia em 40 minutos, agora quase que fazemos em 15/18 minutinhos… Muito bom, retirando já a frustração de espera que o sinal passe a verde na velha ponte da catumbela…
A estrada está quase concluída, já com os rails colocados e tudo, aliás já sinalizada, e com passadeiras…!!! Espera ai eu escrevi passadeiras???
Realmente escrevi e de facto é verdade, ao longo desse trajecto deparamo-nos com inúmeras passadeiras… O que isso? Esse pessoal não tem noção do que faz?? Só pode… Numa via rápida?? O que em Angola temos de chamar via super rápida, afinal os hiaces estão sempre atrasados… Para mim essas passadeiras são “armas usadas indirectamente pelos automobilistas”… É algo extremamente preocupante numa sociedade como a nossa onde a grande maioria da população que habita nas proximidades dessas vias rápidas não sabe sequer comportar-se como simples peões… Ouviram dizer que tem prioridade nas passadeiras… E os automobilistas ouviram dizer que aquilo é uma via rápida, portanto, sempre a pisar no acelerador! A noite a situação agrava-se, a via é extremamente escura, os raros sinais luminosos que podemos encontrar são insuficientes… O Kupapatas (motas) são sempre perigos eminentes… A mais velha com a trouxa na cabeça que quer passar o quanto antes, porque os filhos já estão do outro lado a gritar… enfim..., uma verdadeira aventura para quem precisar de atravessar…
Essa luta entre peões e automobilista parece não ter fim, até porque as soluções para pôr fim a essa onda de atropelamentos na estrada Lobito-Benguela parecem ser apenas o simples conselho “fiquem atentos”… E para piorar a situação parece que este acto cívico vai de mal a pior no nosso país, resultado do elevado consumo de álcool que se tem verificado nos últimos tempos em Angola e da educação deficiente das novas gerações onde é notória a falta de sensibilização para esta triste realidade…
Não consigo esconder a minha revolta para com estes atropelamentos todos nas passadeiras e (ou) perto delas… E revolta-me também o facto de que estas vitimas que pagaram um alto preço a esta civilização moderna que é cega ou recusa-se a aceitar que as passadeiras aéreas seriam de facto a melhor opção para a via rapidíssima Lobito-Benguela…
N.S