E já decidi: metade da equipa será turca e a outra metade russa

A UEFA, que é muito esperta, sabe que nós, os que gostamos de futebol, somos todos treinadores em potência. Vai daí, lançou o habitual desafio virtual, convidando-nos a montar uma equipa para o Europeu. Com regras simples: o orçamento era limitado e, de início, havia um número máximo de escolhas por nacionalidade. Os preços estavam tabelados e, para quem não sabe, Cristiano Ronaldo era o mais caro da lista. Não resisti. Nem ao desafio da UEFA, nem à compra de Ronaldo. À volta dele, fui montando a minha selecção. Deixei-me encantar por alguns nomes, ignorei preços e comprei, comprei até ficar com uma magnífica equipa de futebol de salão. Faltavam uns poucos para completar o onze e já não tinha dinheiro.
Foi necessário refazer o plano: prescindi de um ou outro luxo, mas, mesmo com gastos mais contidos, continuava com vagas e sem dinheiro. Olhei outra vez a tabela e rendi-me à evidência de ter escolher alguns do fundo. Algo contrariado, seleccionei dois russos e um turco, baratinhos, com a convicção de que, à primeira oportunidade, haveria de remediar a coisa nas substituições. Não imaginava era que os substituídos seriam os portugueses, os holandeses ou os franceses que me pareciam de confiança absoluta. Os russos e o turco continuam firmes, a render-me pontos e eu a render-me à fibra deles. Aliás, a UEFA ainda me permite fazer substituições e já não há limite de nacionalidades. E já decidi: metade da minha equipa será turca e a outra metade russa. É impossível ficar indiferente a jogadores que não se abatem com um golo a uns minutos do fim e têm garra para dar a volta.

HUGO SOUSA

fonte: o jogo