quarta-feira, 2 de julho de 2008

O alfabeto do Euro 2008

*Anfitriões:* A Suíça foi a anfitriã de um Europeu que mais depressa saiu de cena (ao segundo jogo). Pior só mesmo se o Europeu fosse co-organizado com a Áustria e os austríacos também caíssem antes dos quartos-de-final. E não é que aconteceu mesmo! Para mais tarde recordar ficam fotografias de cidades e paisagens que por si só merecem outra visita.
*Bilhetes:* O mercado negro dos bilhetes começou nos primeiros dias em Basileia e Klagenfurt e só terminou no dia 29, em Viena, à porta do Ernst Happel. Pior só mesmo fazer negócio com o negócio da Federação Portuguesa de Futebol, que decidiu cobrar bilhetes aos portugueses que apoiaram Portugal durante os treinos.
*Censura:* O poder da UEFA voltou a revelar-se com a implementação de cortes cirúrgicos na transmissão dos jogos. Os lances passam nos ecrãs gigantes e em casa dos adeptos, mas só se não oferecerem
polémica. A UEFA negou sempre qualquer tipo de censura.
*Donadoni:* O campeão do Mundo foi uma das enormes desilusões deste campeonato. Os jogos foram monótonos, os resultados sofríveis (Luca Toni não marcou um único golo) e o seleccionador recebeu guia de marcha mal aterrou em Itália. Marcelo Lippi conduzirá a equipa em 2010.
*Ernst Happel:* Este foi o palco de eleição do Euro 2008, o único estádio realmente vibrante. Há dias, Michel Platini assumiu que no futuro os estádios mais pequenos dos Campeonatos da Europa poderão
passar a ter capacidade para 35 mil pessoas.
*Fora-de-jogo:* O primeiro golo da laranja mecânica no Europeu obrigou a UEFA a defender publicamente a equipa de arbitragem do Holanda-Itália (3-0). 'Van Nistelrooy não estava em fora-de-jogo', disse David Taylor, secretário-geral, citando a Lei 11.
*Guarda-redes:* O campeonato teve nitidamente três guarda-redes em destaque (o espanhol Casillas, o holandês Van der Sar e o italiano Buffon). E teve uma série de falhanços para esquecer. Nomeadamente,
os do checo Petr Cech e os do português Ricardo...
*Holanda:* Antes dos jogos, a onda laranja inundava as cidades por onde passava. Depois dos jogos, falava-se da equipa de Van Basten, durante muito tempo a mais forte candidata ao título. Deu gosto ver.
*Ibrahimovic:* Não foi um Europeu de grandes golos. Um dos mais espectaculares foi o do sueco Ibrahimovic frente a Grécia. Ballack apontou o único golo de livre directo.
*Joachin Low:* A moda de mangas de camisa pegou – nas ruas de Viena já havia adeptos que trocavam o oficial equipamento branco pela indumentária de Low. Mas o estilo do seleccionador alemão está longe de ser consensual.
*Killer instinct:* No último dia do Europeu, Fernando Torres estragou as contas à UEFA. Depois de semanas apagado, marcou o golo do título e saltou directamente para o quadro de honra. Em cerca de meia hora mostrou tudo o que tinha que mostrar: rapidez, potência e sobretudo 'killer instinct'.
*Luis Aragonés:* Antes do Europeu começar, a posição do seleccionador espanhol foi contestada. Mas Aragonés, o mais velho seleccionador a conquistar o troféu, sai pela porta grande depois de ter conseguido transformar um grupo de talentosos jogadores numa selecção vencedora.
*Meteorologia:* Os espectadores do Euro 2008 (adeptos e jornalistas) andaram um mês sem saber muito bem que tipo de roupa vestir. Se de manhã estava sol, a noite suíça podia reservar uma chuvada. Se Viena acordava uma brasa, o fim do dia podia estar comprometido devido a uma tempestade tropical. Que saudades do Euro 2004.
*Naturalizações:* À partida para este Europeu, eram 39 os jogadores que não tinham nascido no país que agora representavam. E este torneio foi muito deles. De Pepe e de Deco, de Podolski, de Marcos Senna, novo campeão Europeu sempre acompanhado por um batalhão de jornalistas brasileiros. A FIFA continua preocupada com o fenómeno.
*Olegário Benquerença:* Foi o único representante da arbitragem portuguesa no Europeu.
*Portugal:* Os portugueses e a Europa esperavam muito mais do Euro 2008. A selecção portuguesa entrou bem na prova, mas apagou-se num ápice não deixando grandes marcas positivas nesta história.
*Qualidade:* O exemplo partiu da selecção espanhola, mas no geral este foi um torneio de qualidade elevada, com defesas inteligentes, combinações criativas e contra-ataques 'de cortar a respiração', como apontou a comissão técnica da UEFA.
*Roja:* Há 44 anos que a selecção espanhola não vencia o Europeu. No domingo, fê-lo a cores, sem o regime de Franco pelas costas e com um futebol que convenceu (não como a Grécia, em Portugal). Espanha foi 'a equipa que não tentou ser mais ninguém', disse a UEFA. O título foi mais que merecido.
*Scolari:* Ainda em Viseu, Luiz Felipe Scolari ficou muito zangado quando alguém o confrontou com uma frase de José Mourinho ('Se Portugal não passar a fase de grupos será ridículo'). Em dois jogos Portugal garantiu a qualificação, mas ficou-se por aí. Scolari vendeu-se ao Chelsea e a (ainda) sua equipa perdeu duas vezes seguidas. Ridículo?
*Turquia:* O glossário do Campeonato da Europa terá que passar a contemplar a expressão 'dois minutos à Turquia'. A equipa de Fatih Terim foi a grande surpresa da prova. Foi a mais resistente do grupo de Portugal, tendo conseguido dar a volta a três adversários (Suíça, Rep. Checa e Croácia) nos instantes finais, graças a uma série de milagres. Caíram nas meias-finais, no último minuto do jogo com a Alemanha.
*Último:* Este pode ter sido o último Europeu com 16 equipas na fase de grupos. Em Viena, Michel Platini, presidente da UEFA, voltou a defender um novo alargamento que será discutido a sério no próximo mês de Setembro.
*Villa:* A final com a Alemanha não teve o privilégio de contar com ele, mas Villa foi um dos principais responsáveis pelos primeiros avanços de 'la roja'. Foi ele também o autor do único hat-trick do torneio.
*White Stripes:* Enrique Iglésias esteve na final e cantou o seu 'Can You Hear Me?'. Mas o que se ouviu durante o mês de Junho foi 'Seven Nation Army', tema dos White Stripes que os adeptos se habituaram a entoar.
*Xavi:* 'Ele é que dita os tempos do jogo', elogiou a UEFA, que elegeu Xavi como o melhor jogador do Europeu. Vale mesmo a pena puxar o filme atrás e rever alguns dos seus passes e movimentos.
*Yury Zhirkov:* É claramente um dos nomes que mais tempo vai ficar na cabeça de todos aqueles que assistiram a jogos deste Europeu. Um defesa completo.
*Zonas:* A criação de Fan Zones na Áustria e na Suíça tinham como objectivo primordial a circunscrição dos adeptos (do barulho, do lixo e da confusão). Mas quem esteve no Euro 2004 recorda o convívio dos adeptos com as cidades como um dos seus pontos fortes.

in http://euro2008.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1334074

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