quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Nicolas Anelka - O Senhor 120 Milhões

Um “flop” que é um Banco. Não existe um Banco que tenha gerado mais dinheiro do que Anelka. Um verdadeiro enigma dentro e fora do campo. Foi elogiado quase até ao tutano mas nunca conseguiu assumir o controlo psicológico como jogador. Quando saiu aos 17 anos do PSG, poucos imaginariam que viria a ser um ícone no que toca às suas transferências entre clubes. Desde que saiu do Arsenal, onde sob as ordens de Wenger se revelara um fabuloso avançado-centro, a sua carreira tem sido uma sucessão de equívocos e fracassos.
Fã de Maradona, Romário, Weah e Van Basten, Nicolas Anelka já gerou cerca de 120 milhões de euros, somando todas as transferências em que esteve envolvido. Depois de uma formação feita em Trappes e no excelente centro de estágio de Clairefontaine, Anelka abandonou o sonho de ser tenista e abraçou, já com a camisola do PSG, o futebol, para gáudio dos empresários que estiveram envolvidos nas suas transferências. Um ano depois, Anelka foi detectado pelo mestre de cantera Arsène Wenger, que o levou para o Arsenal por uns “míseros” 660 mil euros. Bem acompanhado e com uma mão e dedo disciplinadores, no primeiro ano adaptou-se à nova realidade para no segundo destronar nada mais nada menos que Ian Wright da titularidade e se assumir como peça basilar na conquista da Liga e Taça de Inglaterra e ainda se estrear com a camisola gaulesa. Quando tinha tudo para singrar, assumiu ser “infeliz” e que não socializava como antes e pediu para regressar ao seu país. Já no seu reduto, puxa dos galões e o seu futebol fascina os tubarões do futebol europeu. Desta feita é o Real Madrid, que paga ao Arsenal 32,5 milhões de euros pelo seu passe. Em Madrid, ficava em casa a jogar ‘playstation’, ignorado pelo balneário, choca com as estrelas Raúl e Morientes, perde espaço no balneário e entre os adeptos. Não deslumbra em Madrid, mas mesmo assim vence a Liga dos Campeões, tendo sido fulcral nas meias-finais diante do Bayern de Munique.
Corria o ano de 2000 e finalmente Anelka concretizava o desejo de regressar ao “ninho”, devido a uma estratégia de marketing do PSG - que despendeu 28,4 milhões pelo seu filho pródigo. Porém nem tudo corre como o esperado, contudo o gaulês (mais uma vez) vê a luz ao fundo do túnel quando Gerard Houllier, que havia sido seu treinador nos sub-18 da Selecção, o convida a ingressar no Liverpool, por empréstimo. A temporada corre-lhe bem com golos e jogos de encher o olho mas aparentemente o seu feitio enfant terrible fala mais alto e no final da mesma, Houllier não acciona a opção de compra e Anelka fica novamente sem rumo… Por pouco tempo no entanto, já que empresários bem atentos rapidamente o colocaram no Manchester City por 18,2 milhões. Com Kevin Keegan, a sua carreira viveu uma verdadeira encruzilhada. Era o 3º clube que representava na Liga Inglesa, e contra todas as más expectativas dos críticos, faz duas temporadas razoáveis, contudo, o seu passe é forçado a ser vendido ao Fenerbahçe, por 11,2 milhões, devido a dificuldades financeiras nos citizens. É recebido como uma estrela na Turquia. Nesta altura, converte-se ao islamismo, adoptando o nome de Bilal. Quem não esteve pelos ajustes é o brasileiro Márcio Nobre que lhe dá poucas possibilidades de mostrar o porquê da sua contratação. Ainda assim, sagra-se campeão turco. Entretanto, dá nas vistas com as cores da selecção, mas nem a impossibilidade de Cissé jogar no Mundial 2006 lhe abriu um lugar nos convocados.
O seu estilo possante, 1,85m e 75 kg, de passada larga, muito forte a encarar o defesa contrário e nos remates em corrida de primeira, parece ser o ideal para o futebol inglês, que, pelo seu ritmo intenso e activo o atira para uma sinergia inevitável. No futebol latino, perdeu sempre fulgor devido ao ritmo mais pausado, onde parecia muito desligado do jogo. É um enigma que assenta, essencialmente, na motivação para fazer magia com as suas chuteiras. Regressou a Inglaterra para jogar no Bolton por 19 milhões e agora está no Chelsea que desembolsou nada mais que 22 milhões de euros em 2008. Como resultado, tornou-se no jogador que mais verbas movimentou em torno das suas contratações na História do Futebol com o record a rondar os 120 milhões de euros.
Um flop verificado no Real Madrid, no regresso ao PSG, Liverpool, onde todos os técnicos, Del Bosque, Fernandez e Houlier, nunca reconheceram qualidade ao ponta de lança que em 99 - ano de explosão em Highbury Park - chegou a ser apontado como o futuro nº9 da selecção francesa para os próximos dez anos. Recentemente e com 29 anos afirmou ao lado de Scolari: “Quero terminar a carreira neste clube”, disse. Alguém acredita?

by: Gustavo Devesas

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