Num futuro não tão longínquo, e à medida que o futebol se desenvolve como uma indústria onde os resultados e a rentabilidade são palavras-chave, haveremos de atingir um momento de dilema neste desporto de que todos nós gostamos e que tantas massas actualmente movimenta. Esse dilema terá que ver com o impasse entre o futebol como desporto - na sua verdadeira essência - e o futebol como um negócio, algo que dia-a-dia vem “sacrificando” o jogo em si, que é praticado entre 22 jogadores e com uma bola de 70 cm.
Esta perda de “conceitos de base” vem sendo bem visível, e bastará recordar os nossos leitores do que era uma jornada do nosso campeonato nacional nos inícios da década de 90. Aquilo que chamamos de goleada à antiga era algo bem comum há cerca de 10, 12 anos, e não apenas pelo fosso competitivo entre “grandes” e “pequenos” - que foi certamente reduzido - mas muito por culpa do trabalho táctico que era desenvolvido pelos então técnicos de futebol, francamente menos condicionados pelas preocupações hoje evidenciadas pelas SADs e seus administradores. Tomemos como exemplo os confrontos entre Porto e Benfica, para qualquer competição interna, e jogados em ambas as cidades entre 1994 e 1999 - só por duas vezes o resultado se cifrou em apenas um golo! Apesar de muito jovem, lembro-me com emoção de grandes clássicos onde o resultado se ia avolumando, nunca por isso as equipas deixando de olhar o adversário nos olhos. Não só o futebol era mais espectacular e emotivo, como era bem menos comum ouvir-se um técnico referir que “o grande objectivo da época será a qualificação para a UEFA”, algo frequente nos dias que correm.
O facto de se tratar de uma modalidade “rainha” em diversos países, trouxe esta fome pela monetarização do futebol. No entanto, e fazendo uma análise ao futebol moderno, seria obviamente pouco inteligente querer separar os “milhões” do futebol de alta competição. O mundo mudou, globalizou-se, e uma partida de uma competição europeia é hoje bem mais do que o futebol jogado dentro das quatro linhas. Pelo contrário, movimenta diversas áreas como a hotelaria, as agências e transportadoras aéreas, os direitos televisivos, etc. O turismo e as vendas associaram-se ao futebol de uma forma supersónica - vejamos o exemplo da aposta asiática de tubarões como o Man Utd. ou o Real Madrid - e só aqueles que forem capazes de gerir o seu clube como indústria serão capazes de manter a consistência.
UEFA e FIFA, como superintendentes do futebol a nível mundial, terão nas mãos a capacidade para estudar este fenómeno, cabendo-lhes a responsabilidade de equilibrar os dois pratos da balança. Creio não estarmos muito longe de algo que certamente revolucionará a forma de ver o jogo, criando novamente a emotividade que aos poucos se vem desvanecendo: uma reforma nos conceitos de raiz. O que será de uma partida de futebol em que o vencedor acumule mais ou menos pontos consoante os golos alcançados? Um esquema actualmente adoptado em diversas competições de pré-temporada, que obriga as equipas a trabalhar para avolumar o resultado, desguarnecendo a defesa e criando condições para aquilo que nos dá prazer: a capacidade para arriscar, procurar mais e melhor. Não seria necessário encetar uma revolução futebolística, mas imaginemos uma vitória a valer apenas 2 pontos, podendo juntar-se-lhe mais 1 ou 2 se a diferença de golos se cifrasse acima dos 2 tentos. Não só traria mais espectacularidade ao futebol, como igualmente levaria técnicos e estudiosos a trabalhar mais arduamente, tentando encontrar alternativas, novos quadros tácticos para o seu futebol.
Exigem-se estudos, alternativas, caberá aos “gurus” do futebol aprofundar uma questão que é a meu ver determinante para o futuro da modalidade. A renovação é algo que está inerente a tudo aquilo que se existe, e o futebol não foge a essa regra - a lei fora-de-jogo, o atraso ao guarda-redes, a maior rigidez sobre o anti-jogo ou o agora propalado árbitro de baliza - conceitos que partiram sempre da necessidade clara de “resguardar” a verdadeira essência do jogo. E assim se faz evolução.
Esta perda de “conceitos de base” vem sendo bem visível, e bastará recordar os nossos leitores do que era uma jornada do nosso campeonato nacional nos inícios da década de 90. Aquilo que chamamos de goleada à antiga era algo bem comum há cerca de 10, 12 anos, e não apenas pelo fosso competitivo entre “grandes” e “pequenos” - que foi certamente reduzido - mas muito por culpa do trabalho táctico que era desenvolvido pelos então técnicos de futebol, francamente menos condicionados pelas preocupações hoje evidenciadas pelas SADs e seus administradores. Tomemos como exemplo os confrontos entre Porto e Benfica, para qualquer competição interna, e jogados em ambas as cidades entre 1994 e 1999 - só por duas vezes o resultado se cifrou em apenas um golo! Apesar de muito jovem, lembro-me com emoção de grandes clássicos onde o resultado se ia avolumando, nunca por isso as equipas deixando de olhar o adversário nos olhos. Não só o futebol era mais espectacular e emotivo, como era bem menos comum ouvir-se um técnico referir que “o grande objectivo da época será a qualificação para a UEFA”, algo frequente nos dias que correm.
O facto de se tratar de uma modalidade “rainha” em diversos países, trouxe esta fome pela monetarização do futebol. No entanto, e fazendo uma análise ao futebol moderno, seria obviamente pouco inteligente querer separar os “milhões” do futebol de alta competição. O mundo mudou, globalizou-se, e uma partida de uma competição europeia é hoje bem mais do que o futebol jogado dentro das quatro linhas. Pelo contrário, movimenta diversas áreas como a hotelaria, as agências e transportadoras aéreas, os direitos televisivos, etc. O turismo e as vendas associaram-se ao futebol de uma forma supersónica - vejamos o exemplo da aposta asiática de tubarões como o Man Utd. ou o Real Madrid - e só aqueles que forem capazes de gerir o seu clube como indústria serão capazes de manter a consistência.
UEFA e FIFA, como superintendentes do futebol a nível mundial, terão nas mãos a capacidade para estudar este fenómeno, cabendo-lhes a responsabilidade de equilibrar os dois pratos da balança. Creio não estarmos muito longe de algo que certamente revolucionará a forma de ver o jogo, criando novamente a emotividade que aos poucos se vem desvanecendo: uma reforma nos conceitos de raiz. O que será de uma partida de futebol em que o vencedor acumule mais ou menos pontos consoante os golos alcançados? Um esquema actualmente adoptado em diversas competições de pré-temporada, que obriga as equipas a trabalhar para avolumar o resultado, desguarnecendo a defesa e criando condições para aquilo que nos dá prazer: a capacidade para arriscar, procurar mais e melhor. Não seria necessário encetar uma revolução futebolística, mas imaginemos uma vitória a valer apenas 2 pontos, podendo juntar-se-lhe mais 1 ou 2 se a diferença de golos se cifrasse acima dos 2 tentos. Não só traria mais espectacularidade ao futebol, como igualmente levaria técnicos e estudiosos a trabalhar mais arduamente, tentando encontrar alternativas, novos quadros tácticos para o seu futebol.
Exigem-se estudos, alternativas, caberá aos “gurus” do futebol aprofundar uma questão que é a meu ver determinante para o futuro da modalidade. A renovação é algo que está inerente a tudo aquilo que se existe, e o futebol não foge a essa regra - a lei fora-de-jogo, o atraso ao guarda-redes, a maior rigidez sobre o anti-jogo ou o agora propalado árbitro de baliza - conceitos que partiram sempre da necessidade clara de “resguardar” a verdadeira essência do jogo. E assim se faz evolução.
by Rui Zamith
1 comentário:
A magia do futebol já se está a perder. Apesar de ainda ser jovem, lembro-me de ver os antigos jogos do Barça com Guardiola, Rivaldo, Mendieta e delirar. lembro-me dos antigos jogos do Loverpool de McManaman, dum jovem Gerrard e dum fabuloso Owen e ficar colado ao ecrã. lembro-me dos jogos do Man Utd de Beckham, Giggs, Keane etc. Hoje em dia há bons jogadores, não há GRANDES jogadores. Isto é 50% da culpa. os outrso 50%, estão de facto nas mentalidades. Elas mudaram e muito. As boas exibições já não interessam, agora interessam sim os resultados. Daí nós já n vermos nada de soberbo nos jogos. Ninguém arrisca ! E não me refiro a mirabolantes fintas, refiro-me a remates, a grandes jogadas, a grandes jogadores, pois isso sim dá em golos, q é no fundo aquilo q todos querem ver num jogo. Golos alimentam o espectáculo. Ok, pode haver um jogo 0-0 melhor que um 20-20, mas regra geral os jogos com golos são melhores. Por isso acho q essa regra de cada golo valer um ponto é muito correcta. Até porque uma equipa que perca 4-3 é diferente de uma que perde 4-0.
Bem não me vou alongar mais. Saudações a todos
Partyboy
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