Ao longo dos últimos anos tem-se verificado algumas mudanças importantes na restinga do Lobito. Estas mudanças apontam no sentido da conquista de terreno por parte do mar, em detrimento das praias, principalmente na sua extremidade norte. Por meio da análise e comparação de imagens fotográficas antigas e recentes, pode-se constatar claramente essas mudanças. O que não deixa dúvidas que as praias estão a sofrer um processo de erosão costeira, que se alastra ao longo dos anos.
Tal como se pode observar na imagem 2, que ilustra uma fotografia da restinga, capturada por volta de meados da década de 1960 (após a intervenção de colocação de esporões), vê-se que a extremidade norte (popularmente conhecida como ponta da restinga) encontrava-se coberta de areia (indicada pelas setas em branco).
Tal como se pode observar na imagem 2, que ilustra uma fotografia da restinga, capturada por volta de meados da década de 1960 (após a intervenção de colocação de esporões), vê-se que a extremidade norte (popularmente conhecida como ponta da restinga) encontrava-se coberta de areia (indicada pelas setas em branco).
Na imagem 3 pelo contrário, nota-se que a extremidade norte da restinga perdeu uma quantidade significativa de areia em vários pontos. Por tanto, não é forçoso concluir que a restinga encontra-se actualmente sob um processo de erosão, que se vai alastrando pelo tempo.
A imagem 4 ilustra muito claramente (onde encontra-se o círculo em branco) o pedaço de terra que o mar já conquistou. Sendo que a água está já a poucos metros da estrada (tal com indica a seta branca).
Ora, este fenómeno de erosão costeira representa um sério perigo para os interesses humanos instalados na restinga, pelo que, urge a necessidade de paralisá-lo, de forma a evitar consequências catastróficas não só para os habitantes deste bairro, mas também para a cidade como um todo organizado e interdependente. Sendo que a cidade foi localizada numa zona naturalmente pantanosa e resulta de terrenos conquistado ao mar, a gestão da orla costeira deveria ter por base um planeamento a longo prazo, onde a manutenção das praias, com acções dragagem e abastecimento de areia e recomposição dos esporões tivessem um papel crucial e regular (por exemplo, de cinco em cinco anos).
A imagem 4 ilustra muito claramente (onde encontra-se o círculo em branco) o pedaço de terra que o mar já conquistou. Sendo que a água está já a poucos metros da estrada (tal com indica a seta branca).
Ora, este fenómeno de erosão costeira representa um sério perigo para os interesses humanos instalados na restinga, pelo que, urge a necessidade de paralisá-lo, de forma a evitar consequências catastróficas não só para os habitantes deste bairro, mas também para a cidade como um todo organizado e interdependente. Sendo que a cidade foi localizada numa zona naturalmente pantanosa e resulta de terrenos conquistado ao mar, a gestão da orla costeira deveria ter por base um planeamento a longo prazo, onde a manutenção das praias, com acções dragagem e abastecimento de areia e recomposição dos esporões tivessem um papel crucial e regular (por exemplo, de cinco em cinco anos).
Não obstante, as causas naturais do processo de erosão costeira da restinga resultantes da própria acção do mar, em consequência da energia das ondas, dos ventos, das correntes e marés, e, da própria deslocação/distribuição de sedimentos operadas naturalmente pelo mar ao longo destes anos, a presente erosão resulta em muito pela falta de manutenção que a restinga não beneficia nas últimas décadas. O que é deveras grave! De acordo com o que se pode sondar junto de habitantes e ler em alguns “blogues” de opinião da cidade[1], a restinga não sofre obras de manutenção das suas praias e esporões, relativamente a mais de uma década, embora pode-se estimar que este tempo é ainda mais prolongado[2].
As consequências da erosão das praias da restinga implicam inúmeros perigos para a cidade. Um primeiro destaque vai para as habitações em risco, uma vez que o bairro constitui-se numa zona habitacional por excelência e de referência. Embora não se possa aqui afirmar o número de habitantes da zona em causa, o mar ao ganhar terreno em detrimento da areia, põe em perigo muitas vidas humanas, principalmente se pensarmos em fenómenos como maremotos (tsunamis), nas estações de marés altas, a pluviosidade e de calemas que actualmente em determinadas épocas do ano (geralmente de Maio à Setembro) já provocam inundações na cidade do Lobito[3] e particularmente na sua restinga. Para além dos residentes e suas habitações, vários tipos de edifícios de elevado interesse para a cidade (Tribunal, Administração Municipal, etc.) e para o país (Porto do Lobito, CFB), entre outros, que representam a actividade comercial e de serviços da zona (públicos e privados), correm também riscos de sofrer sérias danificações.
Não obstante, os principais sectores que mais negativamente sofrem com a erosão das praias da restinga são, obviamente o turismo (incluindo hotelaria e restauração) e o lazer. A erosão está a tornar as praias menos atractivas e simultaneamente perigosas. Este facto é suficiente para afastar os turistas da zona e consequentemente prejudicar o negócio da hotelaria e restauração. Além de que, a cidade neste caso, perderia ou assistia o empobrecimento e perca de atractividade da sua zona de excelência, deixando por tanto, de ser o seu postal de visita. Também os habitantes da cidade, perderiam a sua principal zona de lazer e praia.
Assim, de modo a evitar-se o alastramento da erosão e consequentemente, a maior destruição das condições geográficas da restinga e sua singular beleza, é urgente uma intervenção na zona, no sentido de reforço dos esporões e de sedimentos (areia). Contudo, esta intervenção (não obstante a sua urgência) deve estar integrada num plano (ou planeamento) de gestão da zona de costa em coordenação com o resto da cidade, e tendo como perspectiva o longo prazo.
Assim, de modo a evitar-se o alastramento da erosão e consequentemente, a maior destruição das condições geográficas da restinga e sua singular beleza, é urgente uma intervenção na zona, no sentido de reforço dos esporões e de sedimentos (areia). Contudo, esta intervenção (não obstante a sua urgência) deve estar integrada num plano (ou planeamento) de gestão da zona de costa em coordenação com o resto da cidade, e tendo como perspectiva o longo prazo.
De facto, sendo o Lobito uma cidade (ver imagem 1.1) com muitos mangais (também denominado por mangue ou manguezal[4]) que servem de zonas de transição, escoamento e repositório da água do mar, que circula através da Baía do Lobito, nas épocas de grande pluviosidade ou de marés cheias, diminuindo assim, as potenciais inundações, a cidade deve ter um plano de gestão da zona costeira, que integre toda a cidade, nomeadamente os mangais, e que tenha como um dos pilares fundamentais, um planeamento de engenharia costeira, que contenha uma perspectiva proactiva, mais do que reactiva.
Isso é tão importante porque, pouco adianta proceder a manutenção da linha de costa da cidade, sem estar em coordenação com o resto da cidade, nomeadamente os mangais, que aliás, actualmente alguns estão a ser aterrados para constituírem solo edificável, o que pode prejudicar em muito a cidade em termos de inundações.
Esse processo de aterro dos mangais, pode provocar a acumulação da água do mar resultado das marés cheias na baía (uma vez que as águas não transitam para o outro lado da cidade, visto os terrenos estarem mais elevados em relação ao mar) e o não escoamento das águas pluviais para o mar, o que pode provocar graves danos em várias zonas da cidade, devido a inundações (como a água não ocupa os espaços dos mangais, certas zonas ficam parcialmente submersas). É ainda importante perspectivar o plano à longo prazo, porque a engenharia costeira deverá ser uma acção regular (e não esporádica) na gestão da linha costeira da cidade, pelas suas características peculiares já acima referida (terrenos conquistado ao mar).
Obviamente que o financiamento é sempre algo crítico quando se trata da gestão da zona costeira e particularmente, quando tem-se que intervir em termos de engenharia costeira. Por isso mesmo é que o plano deve ser concebido ao longo prazo, prospectivando o futuro, agindo assim, proactivamente para evitar danos desnecessários e intervir na fase embrionária dos problemas, e, ainda tentar captar várias fontes de financiamento, com o contributo de várias entidades (da cidade e não só) seja a nível municipal, provincial ou da administração central, bem como, de empresas privadas, como: Porto do Lobito e C.F.B., por exemplo. Até porque, a cidade como um todo beneficia da beleza única da restinga.
Neste sentido, a Administração Municipal do Lobito considerando a peculiaridade desta questão poderia mesmo criar um gabinete específico, integrado nos órgãos da estrutura de gestão municipal, que trate especificamente da monitorização das problemáticas da sua linha costeira. Uma vez que existe escassez em termos de pessoal qualificado para tratar deste tipo situações, um dos objectivos deste gabinete seria a mobilização e conjunção de saberes em torno da questão, e, a formação de especialistas locais nesta matéria (gestão e engenharia costeira). O futuro da cidade depende da resolução destas situações.
Considerações finais
A ausência de estudos sobre esta matéria, focados na cidade do Lobito, dificulta claramente a elaboração de qualquer estudo ou análise sobre esta problemática. Daí que a presente análise está obviamente limitada pela falta de estudos que a suportam, e também pela falta de dados específicos (números) sobre a erosão na restinga do Lobito. Por exemplo, não se sabe (porque não existem dados) quantos metros cúbicos de areia já perderam-se nas praias da restinga; quantos metros o mar já conquistou em detrimento da praia; se a profundidade da baía alterou-se nos últimos anos; se em termos gerais a própria restinga esta a perder terreno para o mar ou não (se esta a afundar). Por tanto, todos estes números são fundamentais para a elaboração de qualquer análise sobre a restinga, e, perspectivar o futuro da cidade. Até para que não se tenha surpresas catastróficas em resultado da acção do mar. O maremoto (tsunami) de Dezembro de 2004 na Ásia serve como alerta!
Contudo, o recuo da praia é visível para os residentes da cidade mais observadores e frequentadores das praias da restinga ao longo dos últimos anos. Pelo que, as afirmações aqui feitas em relação a erosão costeira não são vãs, na medida em que baseiam-se no método de “face validity”, para além da observação e comparação de imagens fotográficas e de satélite da zona. Mesmo sem estudos e dados, este assunto já constitui tema de debate de cidadãos da cidade, o que sustenta a importância do assunto.
Assim, recomenda-se a elaboração de estudos rigorosos, que procedam ao levantamento de dados sobre a dinâmica das praias da restinga do Lobito, e da própria baía. É importante a criação de um gabinete próprio que trate estas questões, no âmbito da estrutura organizativa municipal. Para além disso, há que ter um plano de acção coordenado para toda a cidade, perspectivando o longo prazo e tendo uma visão mais prospectiva do que reactiva.
A presente análise contém essencialmente duas conclusões. Em primeiro lugar, é evidente o recuo de certas praias da restinga do lobito, principalmente da sua extremidade norte (denominada ponta da restinga), e também da diminuição dos seus esporões. Em segundo lugar, a perda de terreno para o mar, implicará graves consequências negativas para a restinga do lobito, mas também para a cidade como um todo, tendo em conta os interesses humanos instalados nesta zona, do seu potencial para o turismo da região, e da sua própria beleza e simbolismo.
Este artigo caracteriza-se por ser exploratório, pelo que, não aborda concretamente as causas da erosão da restinga do Lobito, embora afirma-se que a ausência de manutenção é claramente uns dos aspectos constantes nestas causas, visto que, nos últimos anos não se observaram acções de intervenção nas praias que se direccionem neste sentido. Pelo que, o presente artigo tem o primário propósito de despertar a atenção por parte da sociedade civil do Lobito e principalmente das autoridades municipais, em relação a este problema. Isto também tendo em conta, que já são regulares os problemas de inundações, quer por acção das marés cheias, ou por consequência da pluviosidade.
De resto, a própria constituição basilar da cidade do Lobito assente sobre terrenos pantanosos e conquistados ao mar, torna possível a existência de zonas da cidade, que se situam em espaços abaixo do nível do mar. Tudo isto torna a cidade do Lobito, naturalmente frágil aos problemas característicos das zonas costeiras. E neste facto, reside a razão da concepção e existência de um plano de gestão integrada da zona costeira ao nível do município.
Considerações finais
A ausência de estudos sobre esta matéria, focados na cidade do Lobito, dificulta claramente a elaboração de qualquer estudo ou análise sobre esta problemática. Daí que a presente análise está obviamente limitada pela falta de estudos que a suportam, e também pela falta de dados específicos (números) sobre a erosão na restinga do Lobito. Por exemplo, não se sabe (porque não existem dados) quantos metros cúbicos de areia já perderam-se nas praias da restinga; quantos metros o mar já conquistou em detrimento da praia; se a profundidade da baía alterou-se nos últimos anos; se em termos gerais a própria restinga esta a perder terreno para o mar ou não (se esta a afundar). Por tanto, todos estes números são fundamentais para a elaboração de qualquer análise sobre a restinga, e, perspectivar o futuro da cidade. Até para que não se tenha surpresas catastróficas em resultado da acção do mar. O maremoto (tsunami) de Dezembro de 2004 na Ásia serve como alerta!
Contudo, o recuo da praia é visível para os residentes da cidade mais observadores e frequentadores das praias da restinga ao longo dos últimos anos. Pelo que, as afirmações aqui feitas em relação a erosão costeira não são vãs, na medida em que baseiam-se no método de “face validity”, para além da observação e comparação de imagens fotográficas e de satélite da zona. Mesmo sem estudos e dados, este assunto já constitui tema de debate de cidadãos da cidade, o que sustenta a importância do assunto.
Assim, recomenda-se a elaboração de estudos rigorosos, que procedam ao levantamento de dados sobre a dinâmica das praias da restinga do Lobito, e da própria baía. É importante a criação de um gabinete próprio que trate estas questões, no âmbito da estrutura organizativa municipal. Para além disso, há que ter um plano de acção coordenado para toda a cidade, perspectivando o longo prazo e tendo uma visão mais prospectiva do que reactiva.
A presente análise contém essencialmente duas conclusões. Em primeiro lugar, é evidente o recuo de certas praias da restinga do lobito, principalmente da sua extremidade norte (denominada ponta da restinga), e também da diminuição dos seus esporões. Em segundo lugar, a perda de terreno para o mar, implicará graves consequências negativas para a restinga do lobito, mas também para a cidade como um todo, tendo em conta os interesses humanos instalados nesta zona, do seu potencial para o turismo da região, e da sua própria beleza e simbolismo.
Este artigo caracteriza-se por ser exploratório, pelo que, não aborda concretamente as causas da erosão da restinga do Lobito, embora afirma-se que a ausência de manutenção é claramente uns dos aspectos constantes nestas causas, visto que, nos últimos anos não se observaram acções de intervenção nas praias que se direccionem neste sentido. Pelo que, o presente artigo tem o primário propósito de despertar a atenção por parte da sociedade civil do Lobito e principalmente das autoridades municipais, em relação a este problema. Isto também tendo em conta, que já são regulares os problemas de inundações, quer por acção das marés cheias, ou por consequência da pluviosidade.
De resto, a própria constituição basilar da cidade do Lobito assente sobre terrenos pantanosos e conquistados ao mar, torna possível a existência de zonas da cidade, que se situam em espaços abaixo do nível do mar. Tudo isto torna a cidade do Lobito, naturalmente frágil aos problemas característicos das zonas costeiras. E neste facto, reside a razão da concepção e existência de um plano de gestão integrada da zona costeira ao nível do município.
[2] A este propósito não foi possível obter informações junto da Administração Municipal do Lobito.
[3] Cfr: http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=23393
[3] Cfr: http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=23393
by Vikeia Cambulo
e-mail: vijabal@hotmail.com
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