domingo, 13 de julho de 2008

A 'maka' está na oferta‏

O principal problema da economia de Angola é a manifesta incapacidade da oferta de bens e serviços para acompanhar o aumento da procura.
Luanda deve ser uma das cidades do mundo mais caras para viver ou visitar. Porque é que isso acontece? Em economia, a explicação para quase tudo está na lei da oferta e procura. Tudo o resto constante, os preços são mais altos onde a procura é maior do que a oferta e mais baixos onde sucede o contrário. Como em Luanda a procura é maior do que a oferta para a generalidade dos bens e serviços os preços na capital angolana são dos mais elevados a nível internacional.
Luanda terá sido planeada para uma população da ordem dos 500 mil habitantes. Hoje terá quatro milhões, isto é, oito vezes mais. Como a oferta de casas não aumentou na mesma proporção não admira que os preços respectivos tenham disparado para níveis verdadeiramente astronómicos – o facto de os bens imobiliários não serem bens transaccionáveis internacionalmente e, por isso, não estarem sujeitos à concorrência externa agrava ainda mais a situação. Isto é válido para todo o tipo de casas, desde a “barraca” no Sambizanga, o musseque junto ao famoso mercado Roque Santeiro, até aos empreendimentos de luxo previstos para a Baía de Luanda.
O objectivo da minha análise é destacar que a principal ‘maka’ (problema) da economia de Angola e não apenas de Luanda ou do seu mercado imobiliário, é a manifesta incapacidade da oferta de bens e serviços para acompanhar o aumento da procura, num contexto de forte crescimento económico. Dito de outro modo: a ‘maka’ não é a procura ser grande – aliás, ainda tem uma grande margem de progressão, face aos baixos níveis de rendimento da população; a oferta é que é escassa.
A solução é, pois, adoptar políticas do lado da oferta, através da criação de condições para a expansão da produção doméstica de todo o tipo de bens e serviços. As alternativas são:
(1) continuação do aumento exponencial das importações
(2) subida dos preços ou
(3) um pouco das duas coisas ao mesmo tempo.
Carlos Rosado de Carvalho

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