quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Mantorras, o sobrevivente difícil de dispensar

"O senhor Trapattoni dizia-me muitas vezes: 'Álvaro, temos aqui a estrelinha'. O Mantorras ia aquecer e galvanizava logo o estádio e os colegas", lembra Álvaro Magalhães sobre o papel do avançado angolano no título do Benfica na época passada. Agora, esquecido por Ronald Koeman durante grande parte do ano, apontado até recentemente como dispensável pelo holandês, e com a presença no próximo Mundial em risco, por divergências com o seleccionador quanto ao tempo de utilização na última Taça das Nações Africanas (CAN), Mantorras recuperou em Vila do Conde a estrelinha que seduziu Trapattoni - entrou a sete minutos do fim e deu a vitória ao Benfica contra o Rio Ave, já nos descontos.
"Trapattoni tinha previsto um papel mais importante para o Mantorras nesta época. Estava seguro que ele ia estar ainda melhor", garante o ex-adjunto do treinador que devolveu o Benfica aos títulos de campeão. Mas Trapattoni rumou a Estugarda e o estilo de Mantorras não cativou Ronald Koeman. Na primeira volta, dez jogos incompletos, num total de 217 minutos. O panorama piorou com os reforços de inverno: Mantorras teve em Vila do Conde os primeiros sete minutos da segunda volta e correspondeu com o segundo golo da época (contra o Marítimo, em Dezembro, também deu vitória).
O golo permite-lhe dar a volta por cima numa fase crítica. "Andava triste. Ele refugia-se muito nestas alturas, mas avisou que ainda iam ouvir falar do Mantorras", conta um amigo próximo. "É um campeão, já o demonstrou na recuperação da lesão", diz Álvaro Magalhães. Também Oliveira Gonçalves, o seleccionador angolano, elogia-lhe a "força mental nas fases difíceis". Uma aura de sobrevivente que o acompanha desde as ruas do Sambizanga, em Angola - órfão de pai aos três meses e de mãe aos 16 anos, deve a alcunha a um acidente doméstico (Mantorras, homem queimado).
Mesmo se a total reabilitação física do avançado após as várias intervenções ao joelho direito continua a suscitar reservas - "quem viu o Mantorras do Alverca vê que este é completamente diferente", compara Oliveira Gonçalves -, a continuidade de Mantorras no Benfica, com o qual tem um contrato superior a 500 mil euros anuais até 2010, merece a defesa religiosa de (quase) todos. E motivou até emenda pública de Luís Filipe Vieira a Koeman - o presidente é uma espécie de padrinho do angolano em Portugal: recebeu-o no Alverca, vivem lado a lado na Costa da Caparica, Mantorras pôs o nome do dirigente ao filho...
"A dispensa do Mantorras não é uma decisão fácil de tomar no Benfica", garante Álvaro Magalhães. E após Vila do Conde, muito menos.
in Diário de Notícias

1 comentário:

Anónimo disse...

Não vale a pena apostar no passado!!!

««« Mantorras tinha um potencial enorme.
Mantorras era um jogador explosivo.
Mantorras foi um a ameaça a qualquer defesa.
Mantorras rematava como poucos o faziam.

O tempo verbal justifica-se, porque, como podemos ler:

«Quatro operações ao joelho direito fazem da articulação de Mantorras uma zona de alto risco. O avançado angolano, por muita vontade e empenho que coloque em campo de cada vez que entra para jogar, sabe que não pode forçar em demasia, pois um novo problema no joelho poderia significar o adeus ao futebol. O próprio técnico Fernando Santos admitiu, após o encontro da Taça de Portugal com a U. Leiria, no qual o angolano apontou o golo da vitória dos encarnados, que Mantorras não tem capacidade para fazer um jogo completo.

O tratamento, de que foi alvo para debelar a lesão, chegou mesmo a criar polémica no seio do clube, ao ponto de levar a uma profunda remodelação de todo o departamento médico do Benfica e à saída do então responsável pelo corpo clínico encarnado, o médico Bernardo Vasconcelos.

O médico espanhol Ramón Cougat, que exerce em Barcelona, e passou a acompanhar o caso de Mantorras, quando José António Camacho chegou ao Benfica, alertou para o facto de o joelho de Mantorras precisar de uma vigilância constante, desde que o atleta voltou à competição em Janeiro do ano passado, após quase dois anos de paragem.

Além do trabalho diário nos treinos, o avançado angolano teria ainda de efectuar diversos exercícios específicos para reforçar a musculatura à volta do joelho e seguir à risca um plano de recuperação após cada jogo.»

Mas também sei que:

Mantorras ainda é um fenómeno para a plateia.
Mantorras ainda tem a alegria e a ingenuidade de criança com uma bola nos pés.
Mantorras consegue criar, sempre que entra na equipa, uma atmosfera quase mística.
Mantorras parece ser assim como que um talismã, um Buda africano com poderes sobre o destino e sobre a sorte.

Por isso acho que a sua continuidade ou não na equipa só será resolvida quando deixar de existir incógnitas nesta equação – uma equação, contra todas as probalilidades, entre o Pretérito Passado e o Presente.

Eu fazia um "All In" e apostava no escuro, que é como quem diz, apostava tudo no Presente.
Quem sabe se não a pensar no Futuro… »»»