Quando falamos em “prime”, referimo-nos à classificação credores, devedores ou taxas no mercado de crédito consideradas de alta qualidade. Empréstimos “subprime” são financiamentos concedidos a taxas reduzidas àquelas pessoas com rendimento mais baixo. Existe um quociente que permite definir os devedores como pertencentes à categoria “prime”, baseando-se em critérios de elegibilidade previamente definidos.Em oposição aos empréstimos do tipo “A” e aos “primes”, estão os empresários de menor qualidade e de maior risco, mais concretamente, são os créditos imobiliários de elevado risco onde a única garantia exigida ao devedor é o próprio imóvel. Este segmento de mercado é exclusivo aos Estados Unidos e é (era) destinado à população com rendimentos mais baixos.É o “subprime” que explica a crise que despoletou nos EUA e ameaça varrer a Europa com repercussões à escala global. Tudo começou quando a reserva federal norte americana (FED) decidiu baixar a taxa de juros para estimular a economia (como sabemos, a taxa de juro é função positiva do investimento empresarial e, por esta via, da criação de emprego) na sequência dos atentados de 11 de Setembro de 2001. Assim, enquanto as taxas de juro baixavam, o crédito expandia-se (dado o baixo nível de exigência no acesso ao crédito). Posteriormente, o FED subiu à taxa de juro directora, o que incitou o aumento dos juros imobiliários. Por sua vez, os bancos, confrontados com o preço do dinheiro mais alto, decidiram repercutir este feito sobre os seus clientes. Paralelamente, o decréscimo na procura de bens imobiliários influenciou a descida dos preços destes bens, originando uma diminuição da riqueza potencial das famílias.A combinação destes factores desembocou numa situação de incumprimento das obrigações bancárias por parte das famílias. Sendo o imóvel a única garantia do banco, os bancos começaram a sentir os efeitos da falta de liquidez e decidiram tomar medidas: executavam as garantias ficando com as casas. O problema é que são muitas as famílias a não pagarem e muitas casas a serem “executadas” pelos bancos, logo, muitas casas à venda, e poucos compradores. Pela lei da oferta e da procura, os preços baixaram.Os bancos ficaram sem fundos e com dificuldade para emprestarem dinheiro aos seus clientes, recorreram aos outros bancos, estes igualmente com dificuldade de liquidez e com enormes perdas. Isto tudo num país com enorme défice no qual se deve evitar a todo o custo que ocorra uma recessão sob pena de dificultar ainda mais a possibilidade de combater o défice por via das receitas fiscais e o risco de uma desvalorização dos títulos do tesouro americano, bem como as poupanças em dólar americano.Como o mercado é global, a crise rapidamente alastrou-se (ou se vai arrasar) para o resto do mundo, o que incita o abrandamento global. Muitos dos bancos que emprestaram dinheiro aos bancos americanos para que estes emprestassem aos seus clientes são europeus, asiáticos e até africanos. E assim nasceu a crise.
by Avelino Kiampuku
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