quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sublime Mantorras

DE OLHOS NA BOLA
São jogadores como Mantorras que elevam o futebol acima de qualquer mera atividade desportiva. Comparável a uma entrada de Mantorras na relva da Luz, quando o Benfica teima em não marcar, só os últimos metros do pique da águia "Vitória" sobre a carne crua. Bruá tribal que arrepia e motiva. "Vitória" abate-se sobre a presa; Mantorras caça como felino velho, cheio de manhas.
Inesquecível aquele momento em que a bola sobe na área e escolhe descer para um espaço que Mantorras conquistou e guarda por instinto. Aquele remate simples, lapidar, que contorna o guarda-redes e se cola à rede como um ponto final. Enlevo de magia.
Mantorras coxeia. Mantorras passou ao lado de uma grande carreira. Mas não passa ao lado de grandes momentos. Depois das lesões, operações e más recuperações, a continuidade de Mantorras no Benfica é uma teimosia de Luís Filipe Vieira.
Todo ele, Mantorras, é uma teimosia, é poesia, que insiste em correr e rematar para desmentir as leis do físico, por conhecer de cor, em sublimes lampejos, as da física. O resto é sorte. A sorte de estar no sítio certo. Que exige muito sacrifício e trabalho.
Para poder correr, Mantorras precisa de sofrer e trabalhar muito mais do que qualquer colega. Só com muito esforço de musculação no ginásio aquele joelho massacrado deixa mudar de velocidade e suporta o peso numa viragem ou drible.
Mantorras é já mais uma lenda africana. E depois do último jogo parece também imprescindível nos convocados de Quique, caso este aspire a ser campeão. Claro que nem sempre Mantorras fará milagres, mas com ele no banco o Benfica regressa a uma dimensão mística que o entra e sai de jogadores tem arredado há muito.
by: OCTÁVIO RIBEIRO

Sem comentários: