Os mind games do Mourinho sempre foram inspirados nos bate-boca de escola. Os remonques com que ele irritava Alex Fergunson e Rafa Benítez eram claramente devedores de clássicos como "o meu pai é polícia e bate no teu".
Para os dois ou três leitores que não acompanham com atenção a vida familiar de José Mourinho, aqui fica a novidade: ao que parece, o Special One tirou os filhos do colégio inglês que frequentavam em Palmela. Não o censuro. Eu também não gostaria que os meus filhos andassem numa escola em que os pais dos outros alunos batem na miudagem. Pode ser perigoso.
Já sei, já sei. O Mourinho não bateu no miúdo. A notícia foi logo desmentida, facto aliás inédito na nossa imprensa tablóide, sempre tão rigorosa. Mas ainda assim não consigo evitar uma certa desilusão com o comportamento do melhor treinador do mundo neste caso. Admito que certas crianças que andam na escola com os filhos do Mourinho são como a imprensa inglesa (embora tenham, talvez, um pouco mais de maturidade): fazem escândalo por tudo e por nada, insultam a torto e a direito, e mal sabem escrever. Mas esperava-se que Mourinho, tendo vivido tantos anos em Inglaterra, soubesse lidar melhor com o fenómeno. Em vez do Daily Mirror, agora tem de ouvir o Pedrinho. Se nunca puxou cabelos nem orelhas aos tablóides ingleses, que bem mereciam o correctivo, porquê tentar fazê-lo agora a uma criança de 12 anos? Melhor e mais eficaz teria sido se Mourinho tivesse aplicado ao Pedrinho os seus famosos mind games. Já serviram para irritar as personalidades mais poderosas do mundo do futebol, pelo que têm currículo mais do que suficiente para arrasar um adolescente pré-púbere de Palmela. Os mind games do Mourinho sempre foram, aliás, inspirados nos bate-boca da escola. Os remoques com que ele irritava Alex Ferguson e Rafa Benítez eram claramente devedores de clássicos como «o meu pai é polícia e bate no teu», ou «quem diz é quem é».
Julgo que, neste momento, já é óbvio para todos o que Mourinho devia ter feito. Chamava o Pedrinho à parte e dizia-lhe: «A minha filha tem melhores notas do que tu, pá. Tu estás no oitavo ano e ela no sexto porque tens sido beneficiado pelos professores, mas embora sejas dois anos mais velho do que ela, a miúda vai acabar a faculdade primeiro do que tu. E eu, quando sair daqui, vou comprar a casa dos teus paizinhos só para deitar tudo abaixo e colocar no mesmo sítio um cartaz de 50 metros por 20 a dizer que tu fazes chichi na cama.» Creio que, depois disto, o puto teria saído do colégio inglês de Palmela, e passaria a ser o pior aluno da escola secundária de Pinhal Novo. Tudo em menos de quinze dias.
Já sei, já sei. O Mourinho não bateu no miúdo. A notícia foi logo desmentida, facto aliás inédito na nossa imprensa tablóide, sempre tão rigorosa. Mas ainda assim não consigo evitar uma certa desilusão com o comportamento do melhor treinador do mundo neste caso. Admito que certas crianças que andam na escola com os filhos do Mourinho são como a imprensa inglesa (embora tenham, talvez, um pouco mais de maturidade): fazem escândalo por tudo e por nada, insultam a torto e a direito, e mal sabem escrever. Mas esperava-se que Mourinho, tendo vivido tantos anos em Inglaterra, soubesse lidar melhor com o fenómeno. Em vez do Daily Mirror, agora tem de ouvir o Pedrinho. Se nunca puxou cabelos nem orelhas aos tablóides ingleses, que bem mereciam o correctivo, porquê tentar fazê-lo agora a uma criança de 12 anos? Melhor e mais eficaz teria sido se Mourinho tivesse aplicado ao Pedrinho os seus famosos mind games. Já serviram para irritar as personalidades mais poderosas do mundo do futebol, pelo que têm currículo mais do que suficiente para arrasar um adolescente pré-púbere de Palmela. Os mind games do Mourinho sempre foram, aliás, inspirados nos bate-boca da escola. Os remoques com que ele irritava Alex Ferguson e Rafa Benítez eram claramente devedores de clássicos como «o meu pai é polícia e bate no teu», ou «quem diz é quem é».
Julgo que, neste momento, já é óbvio para todos o que Mourinho devia ter feito. Chamava o Pedrinho à parte e dizia-lhe: «A minha filha tem melhores notas do que tu, pá. Tu estás no oitavo ano e ela no sexto porque tens sido beneficiado pelos professores, mas embora sejas dois anos mais velho do que ela, a miúda vai acabar a faculdade primeiro do que tu. E eu, quando sair daqui, vou comprar a casa dos teus paizinhos só para deitar tudo abaixo e colocar no mesmo sítio um cartaz de 50 metros por 20 a dizer que tu fazes chichi na cama.» Creio que, depois disto, o puto teria saído do colégio inglês de Palmela, e passaria a ser o pior aluno da escola secundária de Pinhal Novo. Tudo em menos de quinze dias.
by Ricardo Araújo Pereira
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