domingo, 4 de janeiro de 2009

As passadeiras da morte

As obras na estrada Lobito-Benguela estão em fase terminal (mais uns retoques na nova ponte sobre rio catumbela e… Iupiii temos uma via rápida. Um trajecto que se fazia em 40 minutos, agora quase que fazemos em 15/18 minutinhos… Muito bom, retirando já a frustração de espera que o sinal passe a verde na velha ponte da catumbela…
A estrada está quase concluída, já com os rails colocados e tudo, aliás já sinalizada, e com passadeiras…!!! Espera ai eu escrevi passadeiras???
Realmente escrevi e de facto é verdade, ao longo desse trajecto deparamo-nos com inúmeras passadeiras… O que isso? Esse pessoal não tem noção do que faz?? Só pode… Numa via rápida?? O que em Angola temos de chamar via super rápida, afinal os hiaces estão sempre atrasados… Para mim essas passadeiras são “armas usadas indirectamente pelos automobilistas”… É algo extremamente preocupante numa sociedade como a nossa onde a grande maioria da população que habita nas proximidades dessas vias rápidas não sabe sequer comportar-se como simples peões… Ouviram dizer que tem prioridade nas passadeiras… E os automobilistas ouviram dizer que aquilo é uma via rápida, portanto, sempre a pisar no acelerador! A noite a situação agrava-se, a via é extremamente escura, os raros sinais luminosos que podemos encontrar são insuficientes… O Kupapatas (motas) são sempre perigos eminentes… A mais velha com a trouxa na cabeça que quer passar o quanto antes, porque os filhos já estão do outro lado a gritar… enfim..., uma verdadeira aventura para quem precisar de atravessar…
Essa luta entre peões e automobilista parece não ter fim, até porque as soluções para pôr fim a essa onda de atropelamentos na estrada Lobito-Benguela parecem ser apenas o simples conselho “fiquem atentos”… E para piorar a situação parece que este acto cívico vai de mal a pior no nosso país, resultado do elevado consumo de álcool que se tem verificado nos últimos tempos em Angola e da educação deficiente das novas gerações onde é notória a falta de sensibilização para esta triste realidade…
Não consigo esconder a minha revolta para com estes atropelamentos todos nas passadeiras e (ou) perto delas… E revolta-me também o facto de que estas vitimas que pagaram um alto preço a esta civilização moderna que é cega ou recusa-se a aceitar que as passadeiras aéreas seriam de facto a melhor opção para a via rapidíssima Lobito-Benguela…
N.S

1 comentário:

Anónimo disse...

Realmente essa situação é extramamente preocupante.
Pessoalmente, há alguns meses, ia morrendo nessa estrada, nao por atropelamento, mas por ter sido rompido por um chines que ia no camião e eu no HYUNDAY ATOS (vejam a desigualdade de força).
Em relação ao assunto em causa, o ponto é: Porque é que não se constroem passadeiras aéreas? Parece-me que as pessoas que defendem as passadeiras aéreas nessa estrada da morte (esse percurso apresentou em 2008 o maior número de acidente no país)partem de um pressuposto totalmente desadequado à nossa realidade: de que a vida das vítimas desses atropelamentos tem valor, tal como a vida de quem passa num V8 ou HAMMMER.
Segundo o raciocínio do Nuno, podemos concluir que o que se passa na estrada Benguela/Lobito nao é normal. Mas, quando é que algo assume o estatuto de normal?
Infelizmente, o normal social não tem que necessariamente coincidir com o nosso normal individual. No nosso caso, qualquer raciocínio de bom senso (passadeiras aereas), nas nossa socieade choca com aquilo que consideramos anormal (passadeiras terrestre), sendo assim, sociologicamente, nós é que somos os anormais.... (infelizmente)
David Boio