segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Obrigado, presidente Bush

Obrigado, grande líder George W. Bush.
Obrigado por mostrar a todos o perigo que Saddam Hussein representa.
Talvez muitos de nós tivéssemos esquecido de que ele utilizou armas químicas contra seu povo, contra os curdos, contra os iranianos. Hussein é um ditador sanguinário, uma das mais claras expressões do mal hoje.
Entretanto essa não é a única razão pela qual estou lhe agradecendo.
Nos dois primeiros meses de 2003, o sr. foi capaz de mostrar muitas coisas importantes ao mundo, e por isso merece minha gratidão. Assim, recordando um poema que aprendi na infância, quero lhe dizer obrigado. Obrigado por mostrar a todos que o povo turco e seu Parlamento não estão à venda, nem por 26 bilhões de dólares.
Obrigado por revelar ao mundo o gigantesco abismo que existe entre a decisão dos governantes e os desejos do povo. Por deixar claro que tanto José María Aznar como Tony Blair não dão a mínima importância e não têm nenhum respeito pelos votos que receberam. Aznar é capaz de ignorar que 90% dos espanhóis estão contra a guerra, e Blair não se importa com a maior manifestação pública na Inglaterra nestes 30 anos mais recentes.
Obrigado porque sua perseverança forçou Blair a ir ao Parlamento com um dossiê falsificado, escrito por um estudante há dez anos, e apresentar isso como "provas contundentes recolhidas pelo serviço secreto britânico". Obrigado por fazer com que Colin Powell se expusesse ao ridículo, mostrando ao Conselho de Segurança da ONU algumas fotos que, uma semana depois, foram publicamente contestadas por Hans Blix, o inspetor responsável pelo desarmamento do Iraque. Obrigado porque sua posição fez com que o ministro de Relações Exteriores da França, sr. Dominique de Villepin, em seu discurso contra a guerra, tivesse a honra de ser aplaudido no plenário, honra que, pelo que eu saiba, só tinha acontecido uma vez na história da ONU, por ocasião de um discurso de Nelson Mandela.
Obrigado porque, graças aos seus esforços pela guerra, pela primeira vez as nações árabes, geralmente divididas, foram unânimes em condenar uma invasão, durante encontro no Cairo. Obrigado porque, graças à sua retórica afirmando que "a ONU tem uma chance de mostrar sua relevância", mesmo países mais relutantes terminaram tomando posição contra um ataque. Obrigado por sua política exterior ter feito o ministro de Relações Exteriores da Inglaterra, Jack Straw, declarar em pleno século 21 que "uma guerra pode ter justificativas morais" e, ao declarar isso, perder toda a credibilidade. Obrigado por tentar dividir uma Europa que luta pela sua unificação; isso foi um alerta que não será ignorado. Obrigado por ter conseguido o que poucos conseguiram neste século: unir milhões de pessoas, em todos os continentes, lutando pela mesma idéia, embora essa idéia seja oposta à sua.
Obrigado por nos fazer de novo sentir que, mesmo que nossas palavras não sejam ouvidas, elas pelo menos são pronunciadas, e isso nos dará mais força no futuro. Obrigado por nos ignorar, por marginalizar todos aqueles que tomaram uma atitude contra sua decisão, pois é dos excluídos o futuro da Terra. Obrigado porque, sem o sr., não teríamos conhecido nossa capacidade de mobilização. Talvez ela não sirva para nada no presente, mas será útil mais adiante.
Agora que os tambores da guerra parecem soar de maneira irreversível, quero fazer minhas as palavras de um antigo rei europeu a um invasor: "Que sua manhã seja linda, que o sol brilhe nas armaduras de seus soldados, porque durante a tarde eu o derrotarei". Obrigado por permitir a todos nós, um exército de anônimos que passeiam pelas ruas tentando parar um processo já em marcha, tomarmos conhecimento do que é a sensação de impotência, aprendermos a lidar com ela e a transformá-la. Portanto, aproveite sua manhã e o que ela ainda pode trazer de glória. Obrigado porque não nos escutastes e não nos levaste a sério. Pois saiba que nós o escutamos e não esqueceremos suas palavras.
Obrigado, grande líder George W. Bush.
Muito obrigado.

Paulo Coelho"

1 comentário:

Anónimo disse...

Compreendo que o nosso sistema de ensino comporte muitas irregularidades e, no geral, concordo com o vosso ponto de vista. Contudo, convem realçar alguns pontos que me parecem importantes:



1- O reconhecimento dos diplomas pela Reitoria da UAN faz todo o sentido na medida em que se pretende verificar a veracidade dos diplomas apresentados pelos diversos candidatos à funçao publica; Alguns com graves suspeitas de irregularidade. O excesso de burocracia pode não ser o melhor caminho mas o facto é que é a única maneira de assegurar que se recrutam doctores de facto. Um dos passos consiste em obter uma carta proveniente da universidade estrangeira a atestar a formaçao, O que parece boa ideia



So para terem uma ideia, em 2008 foram detectados dezenas de candidatos com diplomas/certificados falsos provenientes de algumas universidades privadas portuguesas, congo democraticas entre outras. Já imaginaram pseudo-medicos em hospitais a “tratarem” da nossa saude?



2- O nosso pais esta a passar por mudanças muito gandes. Acredito ser muito dificil (re)começar quando já conhecemos outra realidade nas europas e americas. Mas temos de saber dosear as nossas expectativas e as nossas exigencias. É que aliada à luta pela sobrevivencia e a extrema pobresa, a maioria das pessoas não sabe o que é ser responsavel, acreditam que a corrupçao e o desvio sao normais, (ate lhes chamam “biziness”) e o espirito do deixa andar é reinante. As pessoas que tiveram a sorte de ir buscar um bocado da luz la fora têm mesmo de ter paciencia porque a mudança de mentalidades vai levar tempo;



3- Vocês, no fundo do vosso pensar, acreditam mesmo que as Universidades privadas em Angola estao ai para formar? Não sei! Ca pra mim o interesse esta mais virados para o lucro e os alunos querem o canudo, com todas as vantagens que dai advëm. Logo, um professor que constitua um bloqueio para o lucro da “empresa” e para o canudo do aluno, não é bem visto! É até guerreado



Porem, o Governo deve criar condiçoes para que pessoas com formaçao e competencia não desaparaçam do mapa. Acredito que a saida do Boio e de muitos outros confrontados com situaçoes semelhantes, constitue uma perda para as Universidades e para o Pais.



De resto, as propostas de soluçoes ja apontadas, a serem aplicadas, já seriam de grande importancia. Se bem que, acredito que, o problema é muito mais vasto do que parece. As dificuldades que se sentem no sistema de ensino fazem parte de um mal mais abrangente; desde a falta de agua, luz, comida ate a falta de oportunidades, emprego…enfim uma seria de problemas basicos que carecem de soluçoes….



Um bem haja a todos. Temos de acreditar que isto vai mudar. Mas tudo depende das nossas acçoes enquanto povo. Afinal é o futuro das geraçoes futuras que esta em jogo ( enquanto isso...podem sempre mandar os filhotes estudar no estrangeiro, ou na escola portuguesa, ou francesa ou inglesa...basta preparar o bolso)

Avelino Kiampuku